terça-feira, 28 de novembro de 2017

Eleições Presidenciais 2018, de volta para o futuro ou para sempre no passado.

 Por Renato Dorgan Filho
Engana-se quem está montando estratégias eleitorais para a eleição presidencial de 2018, baseando-se na velha polarização vermelhos x azuis, com uma terceira via alternativa que absorve descontentes, este quadro se repetiu em todas eleições desde 1994 e dificilmente se repetirá.
A fragmentação política aumenta cada vez mais, ela não se reduz mais a partidos, além deles, temos vários grupos políticos que se organizam fora de partidos, e na maioria dos grandes Partidos temos divisões de posicionamento interno, e mais, políticos avulsos já se hospedam em Partidos simplesmente por que a lei assim o exige para se exercer mandatos.
Essa nova realidade é apenas o reflexo da segmentação da sociedade moderna, uma identidade voltada a realidades individuais que procura afinidades e não hegemonia de pensamento, e isso faz parte deste atual modelo que vivemos de sociedade virtual e altamente tecnológica.
Esta segmentação será simbolizada nos candidatos a Presidente em 2018, a eleição é de dois turnos, e o segundo turno serve exatamente para se definir quais daqueles escolhidos pelas duas maiores maiorias não absolutas se identificam mais com a vontade das pessoas.
Tivemos apenas uma eleição presidencial com essa característica, a de 1989, a primeira da nova república ou como alguns gostam de chamar da redemocratização, que segmentava em vários candidatos a realidade do final dos anos 80, falamos naquele momento de um país que votaria pra presidente pela primeira vez desde 1960, com um modelo econômico caótico, sem regras definidas e adequadas a um mundo que iniciava a globalização, um Mundo que vivia o a queda da União Soviética e o fim da guerra fria.
Participaram do pleito de 1989 uma plêiade de candidatos, a diversidade se demonstrou num primeiro turno acirrado e rico em discussão política.
O 2º turno se deu entre os extremos daquela eleição, o candidato dos jargões e do marketing apelativo (Collor) que caçaria todos corruptos e resolveria os problemas da nação de pronto, versus, Lula um político sindicalista, cercado de uma esquerda de tendência trotskista que fazia uma oposição a tudo eu não fosse um governo socialista centralizado e hegemônico.
Porém, Lula venceu Brizola (3º lugar) no 1º turno por apenas um por cento dos votos, seguidos de vários candidatos que tiveram pequena diferença de votos.
No primeiro turno, além de Lula e Collor, tínhamos Brizola que simbolizava o velho populismo trabalhista de Vargas e Goulart, Ulisses Guimarães o candidato do mal avaliado governo Sarney, Aureliano como o candidato da Aliança Liberal segmento de direita que vinha do antigo PDS-ARENA com discurso vazio de austeridade, Paulo Maluf que era o candidato que simbolizava o outro segmento do PDS-ARENA (base política do regime militar) que vinha com discurso desenvolvimentista pautado em obras, Caiado em defesa do agronegócio, simbolizado na época pela temida UDR, Gabeira pelos ambientalistas, Roberto Freire pelos comunistas pró-Gorbachev (Glasnost), Afif que tinha um discurso voltado à microempresa e ao livre comércio, Covas que simbolizava a social democracia europeia, pelo novo PSDB dissidente do velho MDB, além de uma série de candidatos menos expressivos, porem alguns folclóricos, como Marronzinho e Enéas Carneiro, ou seja, 1989, foi uma eleição segmentada.
Em 2018 viveremos a primeira eleição dessa nova fase da república, assim como foi 1989.
Embora dentro de setores ligados a dinâmica da disputa política, sobreviva ainda, uma tentativa insistente, de se construir um ambiente eleitoral hegemônico, de polarização entre azuis x vermelhos (PTXPSDB) X uma terceira via alternativa, fraca e opcional, a tendência é que exista uma fragmentação de várias candidaturas no 1º turno de 2018.
O que percebemos em estudos, é que em geral, a população, possui múltiplos desejos de mudança, que se definem em várias preferências segmentadas, quando fazemos pesquisas qualitativas pelo país, e dividimos grupos, sejam eles por idade, renda, classe social, região, nível educacional, gênero ou religião, é que existe uma pluralidade de desejos que se cruzam ou não.
São várias as preferências de ação, temos aqueles que querem ter acesso a consumo, os que não aguentam mais a corrupção, os que querem ver o país se desenvolvendo, liberais extremos que querem a saída do Estado das relações econômicas e de serviços, os que acreditam num Estado forte e empregador, os que querem ver os serviços essenciais funcionando, os que estão inseguros em envelhecer e ter filhos no Brasil, os que querem ser respeitados por suas escolhas pessoais, os que querem ver valores religiosos preservados, jovens que querem ter acesso a educação de ponta e condições de emprego, tem os que querem só emprego e direitos salvaguardados, outros querem empreender sem uma carga de impostos pesada e uma legislação trabalhista que o desestimule a gerar emprego, tem os que sonham viver num Brasil com respeito ao meio ambiente e a qualidade de vida.
Quem tentar agradar a todos, como foi feito nas últimas três eleições, não será levado a sério nesta eleição presidencial.
Engana-se novamente quem achar que esta é uma eleição de exclusões, que ganhará o mais neutro e que o eleitor votará contra excessos, teremos uma eleição que a expectativa será gigantesca, o país se afundou num mar de corrupção publica, uma geração quase inteira de políticos está indiciada, condenada e em alguns casos presa, a caixa de pandora de quem vai para a vala comum está aberta ainda, e candidaturas vazias de discurso serão ignoradas num momento tão definitivo para o país.
Será inevitável nesta eleição ter uma pluralidade de personalidades na disputa, teremos populistas, radicais de esquerda e direita, liberais econômicos, estatistas, defensores de minorias, midiáticos, messiânicos, super-heróis, mecenas do bem, ambientalistas, sonhadores, executivos de mercado, possivelmente teremos um primeiro turno diversificado.
Já temos certo, os nomes de Álvaro Dias - Podemos, Manuela D´Avilla – PC do B, Marina Silva - REDE, Ciro Gomes-PDT, Lula-PT, Geraldo Alckmin- PSDB, Almoedo – NOVO, Bolsonaro - Patriota, na disputa, fala-se ainda de Luciano Huck, João Doria, Henrique Meirelles, Joaquim Barbosa, e até Sérgio Moro, dentre estes a maioria disputará o 1º turno das eleições presidenciais, fato incomum na história das eleições brasileiras, pois a maioria dos nomes tem nível de conhecimento considerável perante a população.
Acredito que aquele que propor um modelo mais próximo de um desenvolvimento econômico compatível a um país da nossa grandeza (que facilite o empreendedorismo e gere empregos), aliado a serviços públicos de qualidade (segurança, saúde e educação principalmente), com um combate efetivo a corrupção (igualdade entre poderosos e comuns), permitindo o ingresso do Brasil numa nova era de valores éticos e morais, tendo como fim a felicidade e o bem estar de seu povo, encontrará grande aceitação popular.
Renato Dorgan Filho, 43, Sócio Proprietário da Travessia Estratégia e Marketing, especialista em Pesquisas Qualitativas, MBA Marketing Político, Advogado.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Preparado para o Brasil ?

Por Bruno Soller
O mais longevo governador no cargo, no Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin tem se colocado na disputa presidencial, com o slogan “preparado para o Brasil”. Evidentemente que alguém com a sua larga experiência administrativa, 14 anos como governador do maior estado brasileiro, é preparado para governar qualquer lugar. O ponto é: será que Geraldo Alckmin está preparado para o Brasil, sem ser o administrativo, mas o Brasil real eleitoral? Essa é a indagação a ser feita.
Recentemente, fazendo rodadas de qualitativas de caráter nacional, uma das medições propostas no roteiro era ver como o eleitorado percebia a imagem de alguns políticos nacionais. Lá na medição aparecia o nome do governador paulista. Geraldo Alckmin não tem fortes rejeições, a não ser entre os eleitores mais identificados com o PT, algo para sua equipe comemorar. No entanto, chama a atenção duas características que se repetem em vários grupos. A primeira é que apesar de tantos anos no cargo, as pessoas não reconhecem uma marca, uma bandeira ou algum feito de Geraldo Alckmin e a segunda é que o governador é para o resto do Brasil a cara de São Paulo.
Chega a ser assustador que várias das obras que Alckmin fez em São Paulo, sejam de pouco conhecimento, inclusive dos paulistas da capital e região metropolitana. O Rodoanel, a Nova Imigrantes, o PROAC, as Fatecs, Etecs, Poupatempo, Bom Prato, são diversos programas aprovados, criados e instalados por Geraldo Alckmin, mas que não têm vínculo direto com sua imagem. Precisam ser linkados forçadamente, não são relacionados diretamente de forma natural. A figura humana de Geraldo Alckmin é maior que a sua figura administrativa. Há uma diferença entre realização do governador e realização do governo de São Paulo.
Essa separação serve tanto para o bem quanto para o mal. As críticas à educação e à segurança pública parecem concentrar no governo estadual, sem grandes prejuízos ao governador, mas os louros dos aprovados projetos também ficam na conta da estrutura governamental e pouco se embaralham com a persona de Alckmin. O mandatário paulista é de uma identidade única. A crítica mais feita por seus adversários, idealizada por Paulo Maluf, de que Alckmin é o “picolé de chuchu”, por não ter gosto, criou um sentimento de que poucos são os que o amam, poucos são os que o odeiam, mas a maioria o respeita.
O constitucionalista, especializado em antropologia, Renato Dorgan Filho, sócio da Travessia Estratégia, faz uma análise sobre Geraldo Alckmin que deve ser levada em consideração e resume muito bem o que a maioria dos entrevistados veem no governador: “Geraldo Alckmin é um padre jesuíta”. Essa afirmação tem uma lógica sociológica completamente verdadeira. Alckmin é a cara da formação do interior paulista. Sua disposição ao diálogo, o toque físico sem efusividade, sua austeridade, seu equilíbrio e os hábitos simples, como acordar cedo, tomar café preto na padaria acompanhado de biscoitos, ir à missa religiosamente, engraxar seus próprios sapatos, definem a persona pública do postulante ao Planalto e o caracteriza como o paulista interiorano.
Até mesmo as acusações morais que foram feitas contra o governador, tanto na questão dos trens da CPTM, citações na Lava Jato e denúncias envolvendo seu cunhado, na sua terra natal Pindamonhangaba, passam ao largo. Não combina corrupção com Alckmin. É nítida a diferença de estrago de imagem que essas acusações tiveram contra alguns outros tucanos como os senadores José Serra e, principalmente, Aécio Neves.
Extremamente bem quisto no interior de São Paulo, Alckmin já sofre uma certa dificuldade em ser aceito pelos paulistanos e moradores da região metropolitana. Apesar de respeitado por esses eleitores, sua identidade já não é compatível em sua maioria com estes habitantes. Há um abismo entre as formas que o eleitor metropolitano e o interiorano enxergam o governador. Esse abismo é ainda maior quando transportado para a realidade brasileira. Sem particularizar por região, como se faz no âmbito estadual, o resto do Brasil olha para Geraldo Alckmin e o identifica como o verdadeiro paulista.
São Paulo tem pouca identidade sociológica e cultural com o restante do Brasil. Apesar de admirada pelo desenvolvimento econômico e ser a queridinha das elites das grandes cidades brasileiras, São Paulo tem uma concepção de vida, de relação estado-sociedade, da relação laboral, completamente distinta da maior parte do Brasil. Exceção feita ao Paraná, de formação parecida com São Paulo, a população do resto do Brasil tem uma compreensão de mundo muito distante da acreditada pelos paulistas. Candidatos paulistas historicamente tem dificuldades em se relacionar com o eleitor brasileiro e o fato de Alckmin estar absolutamente associado à “paulistanice” é um ponto a ser bastante estudado pela equipe de marketing do candidato.
O neuromarketing mostra situações em que nos confrontamos com ideias em que calibramos nossa antipatia ou simpatia por algo, devido às mensagens subliminares. Recentemente, uma pesquisa feita na Ásia pela Gallup, mostrou que muitos asiáticos tinham simpatia pela independência da Catalunha, por uma razão bastante peculiar, eles gostavam do FC Barcelona, e julgavam que como clube era independentista, a separação era algo que deveria ocorrer.
Subliminarmente votar em Alckmin é votar em São Paulo. Essa é uma das barreiras que o candidato terá pela frente. Racionalmente, eleger São Paulo seria o ideal, do ponto de vista econômico, mas do ponto de vista cultural, em nada atrai o sertanejo de Carpina-PE, o pescador de Conceição da Barra-ES, o agricultor de Carazinho-RS ou o mecânico morador da Compensa, no subúrbio de Manaus-AM.
Apesar dessa dificuldade em dialogar com o brasileiro não paulista, e de ser, hoje, o que a maioria das pessoas não desejam – ou seja, um político tradicional, sua candidatura é bastante competitiva à presidência da república, principalmente se conseguir ocupar o centro do debate, em uma polarização contra os dois polos antagônicos (Lula x Bolsonaro). Sem Lula no certame, ainda mais competitiva fica a situação do governador. Alckmin poderá novamente surfar num voto da exclusão, que sua imagem mais neutra ajuda a capitalizar. Todavia, caso queira sair de uma posição passiva e buscar esse eleitor pelos seus ativos, é fundamental o paulista se mostrar verdadeiramente em sintonia com os brasileiros, tanto na execução quanto na compreensão, qualificando-se cada vez mais para ser entendido como “preparado para o Brasil”.
Bruno Soller. Sócio da Travessia Estratégia. Consultor político e especialista em pesquisas.

sábado, 7 de janeiro de 2017

O eleitor digital e o sistema político analógico.

A eleição 2016 estabelece uma nova ordem na relação eleitor e candidato.

O país viveu um lamaçal de acusações nos últimos dois anos, o que impossibilitou o PT nas cidades, pois era o Partido que ocupava o governo federal, núcleo da crise, mais do que isso, alguns discursos perderam força  como : direitos humanos, relação de esquerda com a ética, e influencia do Estado na atividade econômica; outros ganharam força: como a ética no trato do serviço público, diminuição da máquina pública e a discussão de problemas locais.

O eleitor das grandes cidades quer um representante que cuide das coisas relacionadas à sua vida (saúde, manutenção dos logradouros, segurança do Bairro...). As grandes discussões do modelo de Estado, economia, e desenvolvimento, desgastaram o eleitor, na última eleição tudo o que não fosse resolver os problemas do dia a dia, apontando os erros e soluções, soava como demagógico e mentiroso.

A discussão agora não é mais a melhoria da Saúde, mas sim o remédio de diabetes que falta no Posto da Vila, segurança agora é aumento de efetivo policial no Bairro X, educação não é qualidade de ensino mais sim merenda balanceada, se discutiu em algumas cidades até quais alimentos deveriam constar no cardápio.

Nas megalópoles como São Paulo, Rio e BH, que ultrapassam o conceito de metrópole, em virtude da densidade demográfica e importância econômica, o eleitor além do gerente que cuida das coisas com honestidade, queria um candidato com conteúdo midiático, e de preferência fora da política convencional. Para o eleitor, a necessidade de ser um herói moderno que sabe se comunicar é a credencial para uma boa gestão.

Outra coisa que percebi nesta eleição: candidato que não tem história bem sucedida em seus negócios particulares, ou que tenha um passado de poucas realizações, será cada vez menos votado, bem como aquele que tem passado de realizações mas que tenha a mancha da corrupção (rouba mas faz) terá dificuldades para se eleger, com exceções como nos casos de se competir com radicais extremos, governos ineficientes, ou contra adversários com níveis de acusação maior.

O tripé: a- passado limpo (ou passado não conhecido e divulgado), b- conhecer os problemas locais e discuti-los exaustivamente, propondo resoluções imediatas, c-  uma postura de austeridade, fim de desperdícios  e combate a corrupção, foram o tom de discurso desta eleição e terá que ser dos governos eleitos.

Reclamações que apareciam em eleições anteriores, referentes à mobilidade urbana e cidades mais sustentáveis perderam força, estas são reivindicações características de uma fase de mais prosperidade e desenvolvimento econômico, vivemos uma crise desde 2014, possivelmente voltarão em 2020.

Daí nasce mais um dilema, estamos em retrocesso ou as coisas são cíclicas? O que percebo é que o posicionamento político à base de articulações e discursos ideológicos sem realizações está cada vez mais distante do eleitor, as ações do homem público precisam impactar o dia a dia do eleitor, a fantasia por programas de governo de milhões e até bilhões de investimento, acabou, pois estas grandes obras, levam o eleitor ao imaginário de cenas de prisão por corrupção, que assistimos exaustivamente em 2016.

A percepção é que os Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo funcionam no modo analógico, e o mundo vive de maneira digital, o que vem das ruas impõe uma velocidade gritante, a maioria dos poderes e representantes públicos não acompanham tal dinamismo, o sistema político e o modo que ele se relaciona com a sociedade é o mesmo desde a redemocratização do país.

O que falo aqui não é de automação digital do Poder Público, necessária também, mas sim da necessidade dos poderes se despirem da velha e cômoda forma de comunicação, aprendendo a se relacionar com o novo tempo estabelecido pelas redes sociais.

Querendo ou não as redes sociais democratizaram a informação, conectou  pessoas de todas as formas segmentadas (Facebook e Whattsapp),  ela não se limita só ao acesso da informação mais a produção do conteúdo sem restrições, com isso os grandes meios de comunicação precisaram mudar, avançar na notícia, apontar o dedo da acusação, ouvir e interagir com o espectador, sob pena de perder cada vez mais audiência.

Para o eleitor esse novo mundo se contrapõe ao velho, quem mais sofre é o setor público, a distância se consolida com os discursos longos que não dizem nada, na morosidade das decisões administrativas, na não conclusão de obras, nos recursos judiciais infinitos, na falta de inteligência na segurança pública, etc.

Talvez, o grande erro da maioria do setor público, esteja em se basear numa estratégia de marketing errada, que parte de um conceito antigo de seguir o “felling dos notáveis” (maioria das vezes um oráculo ultrapassado  que não ouve as pessoas e desprezam este mundo digital, intelectuais que orbitam num mundo perdido entre os anos 60 e 80).

Como então mudar essa relação com o eleitor?  A resposta requer uma atitude de mudança drástica, em vários níveis, aqui me reduzo à relação do eleitor e representado.

Na comunicação contemporânea, a única alternativa é realizar pesquisas qualitativas e grupos focais pra entender o que se passa com a sociedade, organizando um banco de dados do eleitor que seja segmentado (local, idade, sexo, contatos, renda, etc.) e que propicie o direcionamento correto do uso das redes sociais e outras ferramentas, produzindo conteúdo e principalmente criando uma fácil aproximação entre o cidadão e o poder público.

Esta não é uma época de consenso para o eleitor brasileiro, perderá na aprovação popular aquele que não se posiciona sobre temas, que não defende causas, e principalmente aquele que é desmascarado por atitudes opostas ao que fala.

O futuro é uma flecha atirada do presente, que não resiste a nada.


Renato Dorgan Filho, 42, MBA Marketing Político, advogado, especialista em pesquisas qualitativas, sócio-proprietário da Travessia Estratégia e Marketing, e Diretor de Política e Estratégia do Ideia Inteligência.



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Marketing Político em 2016.

O marketing político evoluiu, 2016 é a consolidação das Redes Sociais, principalmente do Facebook que já é uma mídia (Televisão), e não mais uma ferramenta.

As grandes campanhas daqui e de fora do país, já constataram que os vídeos vinculados nas redes sociais, valem mais que os boletins impressos que vão quase sempre para o lixo do eleitor.

Questão unânime é a definição de diagnósticos e planejamento de marketing a partir de pesquisas qualitativas, o político brasileiro precisa perder o vício de acreditar que a pesquisa quantitativa define a estratégia de marketing, as quantitativas são foto do momento político, num campo de mudança constante, e servem para corrigir rumo e mensurar forças.

Acontece que a Pesquisa Qualitativa que define o discurso, imagem, a estratégia eleitoral, precisa se transformar em algo concreto, que aproxime o eleitor do eleito criando uma comunicação entre os dois.

A melhor forma de transformar o diagnóstico preciso das Pesquisas Qualitativas é o Microtarget, que significa segmentar ações de marketing por classes sociais, sexo, ideologia política, Bairros ou regiões, idade, através de Whattsapp, SMS, email, ações porta a porta direcionadas, sendo que o mais importante é o conteúdo específico pra cada segmento de eleitor.


Renato Dorgan Filho, 41, MBA Marketing Político, Advogado, proprietário da Travessia Estratégia e Marketing. renatodorgan@hotmail.com

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Conselho aos Prefeitos: façam Pesquisa.


A pesquisa de satisfação popular é o primeiro movimento necessário para se montar qualquer estratégia política. Não falo aqui de pesquisas que se reduzem a análise de quadros eleitorais, mas sim qualitativas ou quantitativas com aspectos analíticos.

O distanciamento do meio político da realidade social faz com que instrumentos de estratégia e de ação administrativa sejam especulados em vez de mensurados tecnicamente.

Achismos baseados normalmente em interesses individuais de assessorias, levam a diagnósticos de ação política equivocados, uma espécie de bússola ao contrário.

Correções na imagem, no foco de atuação, no discurso pessoal, nas áreas eleitorais de ação, são diagnosticados na pesquisa prévia.

O purista e o mal informado dirão que o homem público não deve se valer de pesquisas para sua ação, o primeiro por causa do tabu da imagem moldada a partir dos anseios populares, o segundo por ter nela a imagem negativa de pesquisas quantitativas em fase eleitoral, em virtude da sua manipulação por órgãos tendenciosos.

Recentemente, no Reino Unido, institutos cravavam que os conservadores perderiam a eleição e o primeiro-ministro David Cameron garantiu ter pesquisas internas que mostravam a real projeção do seu partido, que como vimos, acabou tendo uma vitória esmagadora. Ele, inclusive, cantou o resultado final da eleição três dias antes do sufrágio.

Na verdade as pesquisas detectam os anseios populares, ela é o extrato da vontade dos segmentos da sociedade, diagnósticos são feitos em cima de interrogações como :  A área de governo que está funcionando mal e bem, pontos falhos dos setores administrativos e motivos, expectativas e anseios dos munícipes, imagem real dos agentes políticos locais e regionais.

O extrato da análise retirada destas pesquisas qualitativas, feito com profissional especializado, servirá com toda a certeza para melhorar o desempenho dos Executivos que quase sempre estão a deriva, muitas vezes por questões de falta de aplicação de estratégias de gestão e de marketing.

A pesquisa qualitativa, quanto a imagem, faz um alerta aos políticos de posturas inadequadas e contrárias aos costumes gerais, não prego aqui a montagem de um personagem falso mas sim a congruência ética de determinado líder com a sociologia de seu eleitor, isso chama-se empatia, proximidade, o que leva naturalmente a defesa de interesses comuns daqueles que o elegeram.

Nos Estados Unidos, por exemplo, é inconcebível uma campanha eleitoral não ter uma equipe específica orientada para pesquisas. É chamado de “Research Satff”, em que existem profissionais que trabalham exclusivamente pesquisas qualitativas, outros quantitativas e investigativas, e uma terceira parte denominada “oppo”, que é uma busca constante de informações sobre os adversários. A função é municiar constantemente a equipe de estratégia com dados para que a orientação da campanha seja cada vez mais racional e menos indutiva.

A pesquisa não se reduz a governos ou políticos ligados a uma determinada administração, ela é muito importante também para as oposições que se organizam para disputar majoritários locais, medir a efetividade da gestão de adversários, acertar na apresentação de propostas que coadunam com os interesses dos eleitores, definir articulações e composições políticas que tenham aceitação popular além de corrigir distorções de imagem.  

Renato Dorgan Filho, 40, MBA em Marketing Político e Comunicação Eleitoral, Consultor Político e Advogado Especializado em Direito Constitucional e Bruno Soller Carvalho, 30, Consultor Político, Relações Internacionais, proprietários da Travessia Estratégia e Marketing. 

terça-feira, 28 de abril de 2015

Reforma Política só se for de verdade. (nova edição)


Fala-se muito sobre reforma política, e mais precisamente sobre financiamento público de eleições, isso me parece aquele agricultor que resolveu curar a árvore cortando seus galhos mais aparentes, mas esqueceu que quando ela está podre de nada adianta podar, tem que se cortar o mal pela raiz.

Financiamento público eleitoral abrirá vias para caixa dois nas eleições, dinheiro em espécie, uma brecha para lavanderias de empresas sonegadoras, e o pior de tudo, de setores ilegais como o crime organizado (tráfico de drogas e pessoas, jogo, prostituição, comércio de armas, etc.), a política será tomada por setores perigosos da sociedade.

O remédio inicial é o Voto Distrital, foi meu objeto de Dissertação em minha pós graduação em Direito Constitucional no ano de 2001, mas com o tempo e a prática do dia a dia político destes últimos quinze anos mudei de opinião no que se refere a sua modalidade, escrevi inicialmente sobre o Voto Distrital Puro (modelo norte-americano) quando o voto para os parlamentos se reduz a eleição do mais votado pelo Distrito Eleitoral, nos dias atuais, depois de algum tempo em contato direto com o dia a dia político nacional sou a favor do Voto Distrital Puro estritamente para eleições de Vereadores, pois agora defendo também o Voto Distrital Misto para eleições de Deputados Estaduais e Federais.

Comemorei nesta última semana de abril, a aprovação da Lei de autoria do Senador José Serra que foi aprovada pelo Senado, instituindo o Voto Distrital Puro para eleições estritamente de Vereadores, cabe ainda a Câmara dos Deputados sua aprovação final, mas isso significa um grande avanço.

A grande diferença se dará com a instituição do Voto Distrital Misto para eleições de Deputados, sua aprovação vai contemplar o poder da representação local, não deixando nenhuma região abandonada junto aos Executivos, como também promove representantes partidários e de setores da sociedade, economia, terceiro setor, religiosos e ideológicos, enriquecendo a discussão parlamentar,  não a reduzindo, como no Voto Distrital Puro, o parlamentar a um mero despachante de verbas e emendas para atender suas localidades, quase sempre como uma estratégia eleitoral.

O Voto Distrital Misto coloca um fim no injusto sistema proporcional, quando candidatos caçam a esmo votos por todos lugares, muitas vezes deixando vários eleitores sem representação local.

O voto distrital é usado nos países escandinávios, no Japão, Israel, Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha, precisamos parar de querer inventar sistemas que não existem em lugar algum do Mundo, como o tal de Distritão (mais votados dentro do Estado, sem divisão de distritos), ou absurdos africanos e latino-americanos como a lista fechada (quando o eleitor vota em Partidos que indicam os ocupantes das cadeiras), temos um momento precioso de corrigir tais distorções, mas com responsabilidade pública e não interesses pessoais.

Doa a quem doer parte do problema da corrupção se resolveria com a legalização do Lobbying e da Captação de Recursos de Campanha por consultorias especializadas e registradas em seus conselhos, a exemplo dos EUA, tirando do parlamentar a intermediação natural de interesses, ele está lá para representar o povo e  não para intermediar interesses privados diretamente.

Vamos parar de nos enganar, restrições ao marketing político governamental e eleitoral é outro retrocesso, proibição a pesquisas e controle de abusos de redes sociais e de mídia idem, isso tudo se corrige quando desenvolvermos uma massa crítica no cidadão comum, e isso se dá através de Educação Pública de alta qualidade e acesso a Cultura, conforme acontece nos países de primeiro mundo.

Não dá mais pra enfeitar a árvore podre ou cortar os galhos mais feios, ela precisa ser cortada na raiz e com técnicas que a permitam crescer de maneira correta, ao meu ver : Voto Distrital Misto, instituição do Lobbying e da Captação terceirizada de Recursos de Campanha e a ampla liberdade de comunicação e informação que deverá ser ponderada pela consciência crítica de uma sociedade educada e culta, e isso é um dever primeiro do Estado e solidariamente da família.

RENATO DORGAN FILHO, Advogado constitucionalista, Consultor político, MBA em Marketing Político e Comunicação Eleitoral, proprietário da Travessia Estratégia e Marketing Político.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A centralização imperial do poder.

Conversando com prefeitos do país constato que a precariedade nos serviços públicos nasce em grande parte pela falência que vive o Poder Local (Município).

Isso se agravou nos últimos anos, o que significa uma contradição com a mudança social, amplamente alardeada  que tivemos das classes mais baixas do país.

Acontece que em detrimento dos inúmeros programas sociais que atingem o país, quase todos de natureza assistencial, o Poder Central de maneira arrogante, passou a desconsiderar a importância executiva do poder Local, exercido principalmente pelas Prefeituras.

O raciocínio é de uma simplicidade constrangedora para um governo de um país como o nosso, a linha de pensamento é: já que o poder central assiste de maneira ampla as classes menos favorecidas, principalmente os que vivem em municípios de pequena e média densidade eleitoral, estes executivos não precisam ser assistidos com verbas federais ou tampouco merecem um novo pacto federativo para ao menos ficarem com os parcos impostos arrecadados.

Em pleno século XXI o Poder Central de uma República emergente, se coloca como um déspota esclarecido, que centraliza todo o poder em si e banaliza tudo o que não for sua criação ou execução em políticas públicas, veta projetos, suspende emendas, corta repasses, governa ao mesmo tempo a União, Estados e todos os municípios.

O terceiro imperador foi empossado pelo visto.

Enfraquecer municípios quer dizer um golpe a Federação, e uma tentativa de matar aos poucos a República, sem república não existe democracia, sem democracia o totalitarismo ocupa os espaços de poder, os direitos somem e o país retrocede.

Deveríamos estar discutindo independência tributária e fiscal dos Estados, autonomia legal e jurisdicional, a exemplo de países desenvolvidos, mas não, outrora pecávamos pela omissão, agora pela ação negativa, centralizamos mais, enfraquecemos o poder local.

Prefeituras estão na penúria aguardando recursos federais ou sua gambiarra, as famigeradas emendas, que são facilmente bloqueadas (muitas depois de anunciadas) e que se perdem  na burocracia manoelina (Conjunto de Leis da Portugal Monárquica) de nossos Ministérios, força os Prefeitos se sucumbirem à Deputados em troca de votos locais para conseguirem migalhas, não sendo esta a função central do parlamentar que é de legislar e fiscalizar o Executivo, inverte-se a lógica de se eleger um parlamentar troca-se o legislador pelo despachante de luxo.

O poder local é o que conhece as realidades da sua cidade, da sua gente, não adianta o poder central vir com Programas faraônicos de distribuição de maquinários ou construção de edifícios públicos se a necessidade emergencial for outra, a imposição de políticas locais via poder central terá sempre mais erros do que acertos, é impossível se conhecer e controlar milhares de municípios com necessidades e realidades diferentes.

Estamos na contramão da história, não falo aqui em corrupção, burocracia, falta de meritocracia nos cargos públicos, falo aqui de algo que já deveria estar perdido no tempo, a centralização imperial do poder.

Renato Dorgan Filho, 40 anos, MBA em Marketing Político e Comunicação Eleitoral, Consultor Político e Advogado Especializado em Direito Constitucional, Sócio Proprietário da Travessia Estratégia e Marketing.