quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Qual é o rumo das novas gerações ?

No início dos anos 80 quando começou esta mania de dividir torcida em estádios de futebol, meu saudoso pai  profetizava: “Não sei onde vai parar isso”.

Vendo o que ocorreu na batalha campal de Joenville, entre atleticanos e vascaínos, lembrei desta passagem, e aproveito para fazer uma reflexão do que vem acontecendo a longo dos anos com o jovem brasileiro.

O auge desta violência foi entre os idos de 1989 e 1995, tomaram conta do Brasil naquela época mortes de torcedores, espancamentos fora e dentro de estádios, destruição de patrimônio público.

Analisavam que tratava-se de uma fase social sem esperanças, com inflação em índices alarmantes, corrupção desenfreada e principalmente falta de pulso governamental no trato dos assuntos públicos. Uma grande verdade, época de presidente Collor, de governos estaduais perdulários, inflação e desemprego alarmantes, crise no consumo pessoal e deterioração da classe média brasileira.

Em meados de 1994 o real veio, acabou com a inflação e o governo seguinte controlou o país, cortou gastos, a violência nos estádios fora combatida pela primeira e única vez, parecia que começaríamos um caminho de civilização em vários níveis nacionais.

Acontece que as reformas sociais não vieram, a periferia assistia o equilíbrio da economia nacional à distância, sem que pudesse provar de seus benefícios, já que não tinha renda, não possuía acesso à uma educação e cultura de qualidade, o que a afastava de um mercado de trabalho que emergia.
A violência entre torcidas voltou, mas era quase imperceptível, pois ocorria como ainda acontece, na periferia dos grandes centros.

No começo dos anos 2000, em meio a uma crise política de rumo, a oposição tradicional, vence as eleições, com a meta  de promover ampla inclusão social, que já era antes necessária e que no momento, com os devidos ajustes econômicos e administrativos do antecessor,  tinham toda a chance de dar certo.
No primeiro momento deu certo, iniciou-se com um amplo programa de distribuição de renda que atingiu dezenas de milhões de pessoas, enxertando dinheiro na base da pirâmide social, aquecendo as outras classes, um sonho para um povo que convivia com anos  de escassez.

Acontece que a distribuição de renda que era o propósito de inclusão não veio atrelada a políticas educacionais e culturais, serviu apenas de estimuladora de um consumo sem planejamento, o que virou o objetivo único das famílias brasileiras sejam elas da classe “B”, “C”, ou “D”.

A notória recuperação de renda de uma classe antes miserável, trouxe benefícios internos consideráveis à economia, de outro lado a distribuição de bolsas para famílias com patamares levemente superiores a um nível de pobreza, provocou um abandono da importância da educação voltada para o trabalho, e o pior, um desestímulo do crescimento pessoal através dele.

Uma parte dos jovens mais carentes, verdadeiros heróis, com bases sólidas familiares, quebraram legados de miséria, progrediram e completaram o ensino médio, sendo que em alguns casos chegaram as universidades, aqueceram o mercado trabalhando.

Infelizmente a grande maioria ficou pra trás.

Uma geração que na primeira década deste século  assistiu seus pais abrirem mão de trabalhar para viver de bolsas assistenciais do governo, tomou  isso como norma de formação pessoal, esses filhos das bolsas cresceram,  e chegaram na juventude com um paradoxo de despreparo educacional e cultural e uma vontade enorme de consumir.

Estes jovens foram educados por games (normalmente violentos), pornografia de fácil acesso, redes sociais que disseminam futilidades, além é claro da nociva programação da televisão aberta, eles comem muito mal (são obesos, anêmicos ou tem músculos artificiais), usam drogas de forma constante e se embebedam quase que diariamente.

A culpa deste caos é em primeiro lugar do núcleo familiar ( que não impõe limites e não educa com exemplos), seguidos do sistema educacional falido e da subcultura imposta pela grande mídia.

Acontece que esta geração que cresce de maneira  ignorante, intolerante e insensível, se vê à frente de um país que novamente lhe dá indicativos de desesperança. Vivemos uma crise ética e moral, um cada um por si geral, num sistema consumista e corrupto ao extremo que reflete em todos os níveis de convívio um espelho social do que acontece com nossas instituições.


Se a briga não for nos estádios ela será nas ruas, e da pior maneira possível, pois sem pensamento e esperança o que surge é o ódio.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Tormentas à vista.


A nitidez da imagem das pesquisas é clara : Dilma tem grandes chances de ser reeleita, aprovação razoável, estabilização da crise de junho, etc.

Acontece que nas entrelinhas, a última pesquisa sinaliza que o aparente mar calmo indica tormentas à vista. 
Dentre os elementos principais nota-se uma necessidade de mudança nos rumos do país, conforme 66% dos eleitores,  este sentimento de mudança se concentra principalmente na região Sudeste.

Acontece que este eleitor ainda não visualiza a mudança necessária no quadro de candidatos estabelecidos, mas acredito que começará a vislumbrá-la no crescimento das candidaturas de oposição e principalmente na exposição de conhecimento do terceiro candidato, Eduardo Campos, e sua vinculação a Marina Silva e outros segmentos oposicionistas.

As comemorações de setores governistas, um tanto que entusiasmadas demais, tem a sua razão de ser, mas se equivocam na sensação de fatura definida. A eleição de 2014 não começou ainda para o eleitor comum, estamos num período de percepção eleitoral baseada na vida pessoal e felicidade individual do momento, a reflexão política se dá em períodos eleitorais e a semente da mudança está plantada desde a metade de 2013.

O discurso da polarização entre os que se odeiam, ganhará força em setores da classe média organizada, mas perderá na classe média comum que não quer rivalidades mas sim melhorar o país e sua relação com o setor público.

Não vejo espaço para uma oposição moralista e conservadora, que não discuta os problemas nacionais com maturidade e boa intenção, mas vislumbro espaço e viabilidade eleitoral para uma oposição nova, que aposte na melhoria do Brasil e o combate a mazelas administrativas seculares.

Discussões como combate a corrupção, eficiência administrativa sem que o Estado perca a sua força, infraestrutura ampla, educação formadora de líderes e cidadãos, desenvolvimento sustentável e proteção ambiental, saúde universal e de qualidade, políticas sociais de compensação social, desoneração da carga tributária, não podem ceder lugar a discussões de revanchismos e ataques mútuos que não mudam na prática a vida do cidadão comum.


A despolarização da eleição será a salvação de nosso futuro, e será se efetivada, o próximo passo de nossa pueril democracia.