quinta-feira, 18 de junho de 2015

Conselho aos Prefeitos: façam Pesquisa.


A pesquisa de satisfação popular é o primeiro movimento necessário para se montar qualquer estratégia política. Não falo aqui de pesquisas que se reduzem a análise de quadros eleitorais, mas sim qualitativas ou quantitativas com aspectos analíticos.

O distanciamento do meio político da realidade social faz com que instrumentos de estratégia e de ação administrativa sejam especulados em vez de mensurados tecnicamente.

Achismos baseados normalmente em interesses individuais de assessorias, levam a diagnósticos de ação política equivocados, uma espécie de bússola ao contrário.

Correções na imagem, no foco de atuação, no discurso pessoal, nas áreas eleitorais de ação, são diagnosticados na pesquisa prévia.

O purista e o mal informado dirão que o homem público não deve se valer de pesquisas para sua ação, o primeiro por causa do tabu da imagem moldada a partir dos anseios populares, o segundo por ter nela a imagem negativa de pesquisas quantitativas em fase eleitoral, em virtude da sua manipulação por órgãos tendenciosos.

Recentemente, no Reino Unido, institutos cravavam que os conservadores perderiam a eleição e o primeiro-ministro David Cameron garantiu ter pesquisas internas que mostravam a real projeção do seu partido, que como vimos, acabou tendo uma vitória esmagadora. Ele, inclusive, cantou o resultado final da eleição três dias antes do sufrágio.

Na verdade as pesquisas detectam os anseios populares, ela é o extrato da vontade dos segmentos da sociedade, diagnósticos são feitos em cima de interrogações como :  A área de governo que está funcionando mal e bem, pontos falhos dos setores administrativos e motivos, expectativas e anseios dos munícipes, imagem real dos agentes políticos locais e regionais.

O extrato da análise retirada destas pesquisas qualitativas, feito com profissional especializado, servirá com toda a certeza para melhorar o desempenho dos Executivos que quase sempre estão a deriva, muitas vezes por questões de falta de aplicação de estratégias de gestão e de marketing.

A pesquisa qualitativa, quanto a imagem, faz um alerta aos políticos de posturas inadequadas e contrárias aos costumes gerais, não prego aqui a montagem de um personagem falso mas sim a congruência ética de determinado líder com a sociologia de seu eleitor, isso chama-se empatia, proximidade, o que leva naturalmente a defesa de interesses comuns daqueles que o elegeram.

Nos Estados Unidos, por exemplo, é inconcebível uma campanha eleitoral não ter uma equipe específica orientada para pesquisas. É chamado de “Research Satff”, em que existem profissionais que trabalham exclusivamente pesquisas qualitativas, outros quantitativas e investigativas, e uma terceira parte denominada “oppo”, que é uma busca constante de informações sobre os adversários. A função é municiar constantemente a equipe de estratégia com dados para que a orientação da campanha seja cada vez mais racional e menos indutiva.

A pesquisa não se reduz a governos ou políticos ligados a uma determinada administração, ela é muito importante também para as oposições que se organizam para disputar majoritários locais, medir a efetividade da gestão de adversários, acertar na apresentação de propostas que coadunam com os interesses dos eleitores, definir articulações e composições políticas que tenham aceitação popular além de corrigir distorções de imagem.  

Renato Dorgan Filho, 40, MBA em Marketing Político e Comunicação Eleitoral, Consultor Político e Advogado Especializado em Direito Constitucional e Bruno Soller Carvalho, 30, Consultor Político, Relações Internacionais, proprietários da Travessia Estratégia e Marketing. 

terça-feira, 28 de abril de 2015

Reforma Política só se for de verdade. (nova edição)


Fala-se muito sobre reforma política, e mais precisamente sobre financiamento público de eleições, isso me parece aquele agricultor que resolveu curar a árvore cortando seus galhos mais aparentes, mas esqueceu que quando ela está podre de nada adianta podar, tem que se cortar o mal pela raiz.

Financiamento público eleitoral abrirá vias para caixa dois nas eleições, dinheiro em espécie, uma brecha para lavanderias de empresas sonegadoras, e o pior de tudo, de setores ilegais como o crime organizado (tráfico de drogas e pessoas, jogo, prostituição, comércio de armas, etc.), a política será tomada por setores perigosos da sociedade.

O remédio inicial é o Voto Distrital, foi meu objeto de Dissertação em minha pós graduação em Direito Constitucional no ano de 2001, mas com o tempo e a prática do dia a dia político destes últimos quinze anos mudei de opinião no que se refere a sua modalidade, escrevi inicialmente sobre o Voto Distrital Puro (modelo norte-americano) quando o voto para os parlamentos se reduz a eleição do mais votado pelo Distrito Eleitoral, nos dias atuais, depois de algum tempo em contato direto com o dia a dia político nacional sou a favor do Voto Distrital Puro estritamente para eleições de Vereadores, pois agora defendo também o Voto Distrital Misto para eleições de Deputados Estaduais e Federais.

Comemorei nesta última semana de abril, a aprovação da Lei de autoria do Senador José Serra que foi aprovada pelo Senado, instituindo o Voto Distrital Puro para eleições estritamente de Vereadores, cabe ainda a Câmara dos Deputados sua aprovação final, mas isso significa um grande avanço.

A grande diferença se dará com a instituição do Voto Distrital Misto para eleições de Deputados, sua aprovação vai contemplar o poder da representação local, não deixando nenhuma região abandonada junto aos Executivos, como também promove representantes partidários e de setores da sociedade, economia, terceiro setor, religiosos e ideológicos, enriquecendo a discussão parlamentar,  não a reduzindo, como no Voto Distrital Puro, o parlamentar a um mero despachante de verbas e emendas para atender suas localidades, quase sempre como uma estratégia eleitoral.

O Voto Distrital Misto coloca um fim no injusto sistema proporcional, quando candidatos caçam a esmo votos por todos lugares, muitas vezes deixando vários eleitores sem representação local.

O voto distrital é usado nos países escandinávios, no Japão, Israel, Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha, precisamos parar de querer inventar sistemas que não existem em lugar algum do Mundo, como o tal de Distritão (mais votados dentro do Estado, sem divisão de distritos), ou absurdos africanos e latino-americanos como a lista fechada (quando o eleitor vota em Partidos que indicam os ocupantes das cadeiras), temos um momento precioso de corrigir tais distorções, mas com responsabilidade pública e não interesses pessoais.

Doa a quem doer parte do problema da corrupção se resolveria com a legalização do Lobbying e da Captação de Recursos de Campanha por consultorias especializadas e registradas em seus conselhos, a exemplo dos EUA, tirando do parlamentar a intermediação natural de interesses, ele está lá para representar o povo e  não para intermediar interesses privados diretamente.

Vamos parar de nos enganar, restrições ao marketing político governamental e eleitoral é outro retrocesso, proibição a pesquisas e controle de abusos de redes sociais e de mídia idem, isso tudo se corrige quando desenvolvermos uma massa crítica no cidadão comum, e isso se dá através de Educação Pública de alta qualidade e acesso a Cultura, conforme acontece nos países de primeiro mundo.

Não dá mais pra enfeitar a árvore podre ou cortar os galhos mais feios, ela precisa ser cortada na raiz e com técnicas que a permitam crescer de maneira correta, ao meu ver : Voto Distrital Misto, instituição do Lobbying e da Captação terceirizada de Recursos de Campanha e a ampla liberdade de comunicação e informação que deverá ser ponderada pela consciência crítica de uma sociedade educada e culta, e isso é um dever primeiro do Estado e solidariamente da família.

RENATO DORGAN FILHO, Advogado constitucionalista, Consultor político, MBA em Marketing Político e Comunicação Eleitoral, proprietário da Travessia Estratégia e Marketing Político.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A centralização imperial do poder.

Conversando com prefeitos do país constato que a precariedade nos serviços públicos nasce em grande parte pela falência que vive o Poder Local (Município).

Isso se agravou nos últimos anos, o que significa uma contradição com a mudança social, amplamente alardeada  que tivemos das classes mais baixas do país.

Acontece que em detrimento dos inúmeros programas sociais que atingem o país, quase todos de natureza assistencial, o Poder Central de maneira arrogante, passou a desconsiderar a importância executiva do poder Local, exercido principalmente pelas Prefeituras.

O raciocínio é de uma simplicidade constrangedora para um governo de um país como o nosso, a linha de pensamento é: já que o poder central assiste de maneira ampla as classes menos favorecidas, principalmente os que vivem em municípios de pequena e média densidade eleitoral, estes executivos não precisam ser assistidos com verbas federais ou tampouco merecem um novo pacto federativo para ao menos ficarem com os parcos impostos arrecadados.

Em pleno século XXI o Poder Central de uma República emergente, se coloca como um déspota esclarecido, que centraliza todo o poder em si e banaliza tudo o que não for sua criação ou execução em políticas públicas, veta projetos, suspende emendas, corta repasses, governa ao mesmo tempo a União, Estados e todos os municípios.

O terceiro imperador foi empossado pelo visto.

Enfraquecer municípios quer dizer um golpe a Federação, e uma tentativa de matar aos poucos a República, sem república não existe democracia, sem democracia o totalitarismo ocupa os espaços de poder, os direitos somem e o país retrocede.

Deveríamos estar discutindo independência tributária e fiscal dos Estados, autonomia legal e jurisdicional, a exemplo de países desenvolvidos, mas não, outrora pecávamos pela omissão, agora pela ação negativa, centralizamos mais, enfraquecemos o poder local.

Prefeituras estão na penúria aguardando recursos federais ou sua gambiarra, as famigeradas emendas, que são facilmente bloqueadas (muitas depois de anunciadas) e que se perdem  na burocracia manoelina (Conjunto de Leis da Portugal Monárquica) de nossos Ministérios, força os Prefeitos se sucumbirem à Deputados em troca de votos locais para conseguirem migalhas, não sendo esta a função central do parlamentar que é de legislar e fiscalizar o Executivo, inverte-se a lógica de se eleger um parlamentar troca-se o legislador pelo despachante de luxo.

O poder local é o que conhece as realidades da sua cidade, da sua gente, não adianta o poder central vir com Programas faraônicos de distribuição de maquinários ou construção de edifícios públicos se a necessidade emergencial for outra, a imposição de políticas locais via poder central terá sempre mais erros do que acertos, é impossível se conhecer e controlar milhares de municípios com necessidades e realidades diferentes.

Estamos na contramão da história, não falo aqui em corrupção, burocracia, falta de meritocracia nos cargos públicos, falo aqui de algo que já deveria estar perdido no tempo, a centralização imperial do poder.

Renato Dorgan Filho, 40 anos, MBA em Marketing Político e Comunicação Eleitoral, Consultor Político e Advogado Especializado em Direito Constitucional, Sócio Proprietário da Travessia Estratégia e Marketing.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A gestão governamental precisa da tecnologia.

Muitos encaram as ferramentas tecnológicas e de mídia digital apenas como propagador de notícias ou uma das várias ferramentas de construção de um marketing pessoal ou governamental.

Como quase sempre a gestão em nosso país está num terceiro plano, e o que vigora é a manutenção do poder através de uma construção de estratégia eleitoral cooptativa, ouvimos poucos profissionais de Marketing abordar os benefícios das tecnologias para a gestão.

Por exemplo, sou agora Secretario e tenho pretensões eleitorais, o que faço? A resposta óbvia é a propagação dos feitos, a coadunação de imagem com o exercício da função, a criação de programas inovadores no setor, mas existe algo de mais profundo nisso tudo, pois a resposta correta deveria ser “Faça uma boa gestão, que seja avançada, criativa, útil para o cidadão, que melhore a vida dele, integre tecnologia de informação, comunicação e marketing em prol do bom desempenho dos programas governamentais”.

Se a ação governamental  se reduzir a somente marketing pessoal ou propaganda de governo, isso se perderá no tempo, o cidadão irá esquecer, pois não marcou sua vida, ele sabe no fundo o que está funcionando bem e o que não está na administração pública.

Vejo poucos governantes se utilizarem de ferramentas como Whattsapp, Mensagens (SMS) ou telemarketing de maneira inteligente para a gestão, não é possível grandes Municípios ou até Estados não terem integração digital, e informação online de Programas governamentais ligados a Segurança Pública, Agricultura, Recursos Hídricos e Saúde por exemplo.

Nos países mais civilizados são feitos monitoramentos constantes para se saber o que acontece com cada programa governamental, de maneira online, através de softawers de gerenciamento via satélite, programados de maneira simples, além do mais, consulta-se a população de maneira rotineira, de como se está a qualidade da prestação de serviço, o que é realizado através de sistemas simples de consultas via telefone, mensagens e redes sociais.

A integração digital entre ferramentas de tecnologia e redes sociais se torna essencial para o andamento das coisas no presente, é o que se espera de um governante minimamente integrado com o nosso tempo, o marketing governamental será apenas reflexo verdadeiro da qualidade da gestão, assim como já acontece em países europeus, e não mais a construção de imagens ideais e programas meramente mercadológicos ( normalmente mal conduzidos), fruto de resposta a enquetes de necessidade do eleitor.

 A excelência na prestação de serviços públicos e da gestão eficaz, nasce, primordialmente no bom quadro técnico humano (formação e disposição), mas se efetiva somente com a aplicação de recursos tecnológicos e de mídia digital no dia a dia, isso aproxima o Estado do cidadão, dá transparência à gestão, economiza tempo, recursos, simplifica processos e os agiliza.


A função do Estado é uma só: melhorar a vida das pessoas. Clamo aos governantes de plantão que utilizem ferramentas tecnológicas, pois dessa maneira o marketing deixa de ser uma construção que se utiliza de várias artificialidades, para ser a comunicação de uma consequência real.