O Brasil tem em sua formação os
cacoetes da Monarquia Portuguesa espelhada na corte francesa dos Bourbon.
Sempre tivemos uma resistência
com os EUA - Inglaterra, fato normal, pois a nossa formação é oposta. Isto
somente mudou em dois momentos, na república do Café com Leite (no início do
século XX), e um pouco a partir dos anos 90 com um governo mais liberal, menos
intervencionista e mais estabilizado monetariamente.
O que choca muito uma parte da
opinião pública, principalmente das classes médias do eixo Rio - SP é a volta neste
século destes posicionamentos mais relativistas e populistas dos países latinos
europeus que vigorou sempre por aqui.
Sonhando que se estabeleça um mundo
weberiano na gestão e na economia, esta classe média se confronta com um
populismo de direita e de esquerda negativo, e não aceita o humanismo e
solidarismo que é positivo, pois em sua mentalidade cartesiana esta forças
diversas não cabem no quadro de poder.
Esta ideia vinda do Trópico de
Capricórnio acredita de maneira simplória, que assim como nos EUA e Inglaterra
a política se dividirá entre conservadores (republicanos) e trabalhistas (democratas),
o Direito será exato, punitivo e exemplar, a economia será livre aonde os mais
fortes vencem, a estética será saxônica e o fim da sociedade é a família
próspera, linda e feliz, mesmo que for a custa de grande parte da população.
Esquecem-se que a Nova Inglaterra
esperada não foi formada pelo catolicismo e sim pela reforma protestante, não
teve a miscigenação maravilhosa entre índios negros e brancos, não foi aceptiva
a imigrantes europeus, semitas e asiáticos, e mais uma série de conceitos
históricos, religiosos e antropológicos que nos distinguem.
Quero salientar que nem somos
melhores nem piores por isso, temos uma identidade, mesmo que ela seja juvenil.
Querendo ou não estas classes, o
Brasil se espelhará sempre de maneira inconsciente na formação portuguesa e francesa, com ranços monárquicos
de nomes e sobrenomes e autoridades, com a mistura de idealistas, humanistas, ditadores,
populistas, elitistas e moralistas, espalhados e misturados em correntes de
interesses individuais, e não de salvação coletiva.
O Direito é Romano, papal,
imposto de cima pra baixo, injusto, a economia é mercantilista, a meta é inclusiva,
ligada a fome, a expansão é um mito distante, assim podemos ser um país
qualquer no contexto mundial mas aqui precisamos viver bem.
A política atual sofre com isso,
de um lado os azuis buscam uma Nova Inglaterra, dividindo o mundo entre fiéis e
pagãos, do outro os vermelhos aderem a uma das várias faces nacionais,
inspiradas em França, o caudilhismo, a generosidade com as massas, “o deixa ver
o que vai acontecer” ou “o vamos enganá-los com festas e pão”.
Precisamos urgentemente amadurecer,
pois uns nos querem calcando um sapato que não cabe em nossos pés, enquanto outros
não querem que nos libertemos do jugo da coroa.