terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A centralização imperial do poder.

Conversando com prefeitos do país constato que a precariedade nos serviços públicos nasce em grande parte pela falência que vive o Poder Local (Município).

Isso se agravou nos últimos anos, o que significa uma contradição com a mudança social, amplamente alardeada  que tivemos das classes mais baixas do país.

Acontece que em detrimento dos inúmeros programas sociais que atingem o país, quase todos de natureza assistencial, o Poder Central de maneira arrogante, passou a desconsiderar a importância executiva do poder Local, exercido principalmente pelas Prefeituras.

O raciocínio é de uma simplicidade constrangedora para um governo de um país como o nosso, a linha de pensamento é: já que o poder central assiste de maneira ampla as classes menos favorecidas, principalmente os que vivem em municípios de pequena e média densidade eleitoral, estes executivos não precisam ser assistidos com verbas federais ou tampouco merecem um novo pacto federativo para ao menos ficarem com os parcos impostos arrecadados.

Em pleno século XXI o Poder Central de uma República emergente, se coloca como um déspota esclarecido, que centraliza todo o poder em si e banaliza tudo o que não for sua criação ou execução em políticas públicas, veta projetos, suspende emendas, corta repasses, governa ao mesmo tempo a União, Estados e todos os municípios.

O terceiro imperador foi empossado pelo visto.

Enfraquecer municípios quer dizer um golpe a Federação, e uma tentativa de matar aos poucos a República, sem república não existe democracia, sem democracia o totalitarismo ocupa os espaços de poder, os direitos somem e o país retrocede.

Deveríamos estar discutindo independência tributária e fiscal dos Estados, autonomia legal e jurisdicional, a exemplo de países desenvolvidos, mas não, outrora pecávamos pela omissão, agora pela ação negativa, centralizamos mais, enfraquecemos o poder local.

Prefeituras estão na penúria aguardando recursos federais ou sua gambiarra, as famigeradas emendas, que são facilmente bloqueadas (muitas depois de anunciadas) e que se perdem  na burocracia manoelina (Conjunto de Leis da Portugal Monárquica) de nossos Ministérios, força os Prefeitos se sucumbirem à Deputados em troca de votos locais para conseguirem migalhas, não sendo esta a função central do parlamentar que é de legislar e fiscalizar o Executivo, inverte-se a lógica de se eleger um parlamentar troca-se o legislador pelo despachante de luxo.

O poder local é o que conhece as realidades da sua cidade, da sua gente, não adianta o poder central vir com Programas faraônicos de distribuição de maquinários ou construção de edifícios públicos se a necessidade emergencial for outra, a imposição de políticas locais via poder central terá sempre mais erros do que acertos, é impossível se conhecer e controlar milhares de municípios com necessidades e realidades diferentes.

Estamos na contramão da história, não falo aqui em corrupção, burocracia, falta de meritocracia nos cargos públicos, falo aqui de algo que já deveria estar perdido no tempo, a centralização imperial do poder.

Renato Dorgan Filho, 40 anos, MBA em Marketing Político e Comunicação Eleitoral, Consultor Político e Advogado Especializado em Direito Constitucional, Sócio Proprietário da Travessia Estratégia e Marketing.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A gestão governamental precisa da tecnologia.

Muitos encaram as ferramentas tecnológicas e de mídia digital apenas como propagador de notícias ou uma das várias ferramentas de construção de um marketing pessoal ou governamental.

Como quase sempre a gestão em nosso país está num terceiro plano, e o que vigora é a manutenção do poder através de uma construção de estratégia eleitoral cooptativa, ouvimos poucos profissionais de Marketing abordar os benefícios das tecnologias para a gestão.

Por exemplo, sou agora Secretario e tenho pretensões eleitorais, o que faço? A resposta óbvia é a propagação dos feitos, a coadunação de imagem com o exercício da função, a criação de programas inovadores no setor, mas existe algo de mais profundo nisso tudo, pois a resposta correta deveria ser “Faça uma boa gestão, que seja avançada, criativa, útil para o cidadão, que melhore a vida dele, integre tecnologia de informação, comunicação e marketing em prol do bom desempenho dos programas governamentais”.

Se a ação governamental  se reduzir a somente marketing pessoal ou propaganda de governo, isso se perderá no tempo, o cidadão irá esquecer, pois não marcou sua vida, ele sabe no fundo o que está funcionando bem e o que não está na administração pública.

Vejo poucos governantes se utilizarem de ferramentas como Whattsapp, Mensagens (SMS) ou telemarketing de maneira inteligente para a gestão, não é possível grandes Municípios ou até Estados não terem integração digital, e informação online de Programas governamentais ligados a Segurança Pública, Agricultura, Recursos Hídricos e Saúde por exemplo.

Nos países mais civilizados são feitos monitoramentos constantes para se saber o que acontece com cada programa governamental, de maneira online, através de softawers de gerenciamento via satélite, programados de maneira simples, além do mais, consulta-se a população de maneira rotineira, de como se está a qualidade da prestação de serviço, o que é realizado através de sistemas simples de consultas via telefone, mensagens e redes sociais.

A integração digital entre ferramentas de tecnologia e redes sociais se torna essencial para o andamento das coisas no presente, é o que se espera de um governante minimamente integrado com o nosso tempo, o marketing governamental será apenas reflexo verdadeiro da qualidade da gestão, assim como já acontece em países europeus, e não mais a construção de imagens ideais e programas meramente mercadológicos ( normalmente mal conduzidos), fruto de resposta a enquetes de necessidade do eleitor.

 A excelência na prestação de serviços públicos e da gestão eficaz, nasce, primordialmente no bom quadro técnico humano (formação e disposição), mas se efetiva somente com a aplicação de recursos tecnológicos e de mídia digital no dia a dia, isso aproxima o Estado do cidadão, dá transparência à gestão, economiza tempo, recursos, simplifica processos e os agiliza.


A função do Estado é uma só: melhorar a vida das pessoas. Clamo aos governantes de plantão que utilizem ferramentas tecnológicas, pois dessa maneira o marketing deixa de ser uma construção que se utiliza de várias artificialidades, para ser a comunicação de uma consequência real.