segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O uso correto das Redes Sociais pela política.



Falamos muito nas redes sociais (twitter, facebook, youtube, etc.) como elemento de comunicação do candidato, afinal elas significam mídias que provocam a interação direta e imediata entre o eleitor e o seu representante.

As redes sociais nos livram das amarras da Televisão e do Rádio (limites de tempo, controle de programação e alto custo), são mais eficazes e baratas do que a impressão de material gráfico (problemas de logística evidentes e alcance consideravelmente limitado).

Mesmo assim a classe política ainda não mergulhou nesta mídia, que veio para modificar a maneira de se comunicar, o motivo mais evidente é o receio da interação direta com o eleitor.

A maioria usa as redes sociais apenas para comunicar informações diárias, uma espécie de agenda em movimento (o que o político fez ontem),  no máximo publica-se artigos chapa branca sem nenhum apelo de marketing ou discussão eficaz.

As redes sociais acabam virando um site em rede, uma série de interações dinâmicas não são realizadas, o que leva o eleitor a ter uma visão de desconexão ainda maior com o seu representante.

Acontece que a classe política em sua maioria não compreende a diferença entre comunicação e marketing, o primeiro é informação, publicidade, o segundo é estratégia de persuasão e convencimento. ONGS e grupos organizados dão um show nas redes sociais nesta interação, através de vídeos, grupos de discussão, bate papo e até games.

Enquanto isso as assessorias parlamentares, normalmente de formação jornalística, não compreendem que o eleitor além de ser informado, quer ser conquistado com projetos futuros sérios e explicações convincentes do que está se fazendo de real no presente.

O eleitor quer falar, participar das ideias e feitos de seu representante, quer saber se ele é de fato humano, se pensa sobre questões polêmicas, se acredita em algum modelo econômico, social e ético, se tem coragem de criticar acontecimentos nacionais e internacionais, se está fazendo algo de real em prol da sociedade naquele momento.

O eleitor não quer saber de agenda de políticos, que se baseia normalmente em reuniões com grupos regionais e setoriais ou inaugurações, só se interessarão por estas informações se vierem sob forma de conquistas, feitos que beneficiem a sua vida, e que mesmo assim precisam ser bem explicados, senão o inconsciente do eleitor as lê como um encontro de poderosos em cima de um palanque, ou caça a votos.


Neste contexto as redes sociais são a mídia ideal, mas sem conteúdo e ações que realmente transmitam credibilidade a este eleitor, elas se tornam espelhos digitais do vazio e teatro que vivem a maioria de nossos representantes.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O jogo é jogado.


Reta final de definições no calendário eleitoral, decisão polêmica do STF no caso do mensalão, REDE na UTI e PSB devolvendo cargos no Governo Federal.

Mas a grande surpresa, e que passou desapercebida de todos, foi a criação do Partido da Solidariedade, que neste final de prazo de filiações será a única janela disponível para todos os políticos descontentes no país.

Sem alardes e nem holofotes, com um foco na discussão da causa sindical, foi criado à sombra da badaladíssima REDE, que provocou suspiros em muitos descontentes com a polarização nacional.

Acontece que a política possui um jogo sistêmico próprio, com regras semelhantes em parte à guerra. Muitas vezes o sigilo aliado a um trabalho pragmático de formação partidária é mais eficaz, do que expectativas e macroprojetos de mudança sistêmica, que são impraticáveis a um curto prazo.

Se não formada a REDE, nos remeteremos exclusivamente a disputa dentro do âmbito da política tradicional, com atores definidos entre a polarização PT X PSDB e uma terceira via que ninguém sabe se vai ou não as urnas, e se caso ir qual será sua cara?  Oposição, situação ou podemos mais? Com a palavra o Governador pernambucano.

Se por um lado a saída de Marina do jogo, através do indeferimento da criação da REDE, torna a eleição menos difícil para a Presidente, por outro lado alguns fatos enfraquecem esta na corrida, somente nos últimos dias detectamos: o mensalão ( que sempre renasce nos recursos intermináveis aceitos pela Suprema Corte), a insatisfação notória dos Partidos aliados (declarações do PMDB e rompimento do PSB), a indefinição no posicionamento do PT nas principais eleições para Governador (São Paulo, Rio, Minas Gerais) e a agora a mais recente, uma guerra fria inútil com os EUA, que em 2014, assim como já fizeram na Venezuela em 2013, vão querer de alguma forma participar.

E o jogo começa a ser jogado, está nos detalhes e não somente na força, e aquele que tentar definir o seu resultado, desta vez, correrá grandes riscos de errar.





segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O futuro infringente.

Essa foi a semana que se discutiu o caduco instrumento processual dos Embargos Infringentes.

O que assistimos não é uma briga entre mocinhos e vilões, ela ultrapassa isso, assistimos um embate sobre uma opção do país entre a tradição e a liberdade.

Tradição no direito e na política é o cultivo de hábitos antigos, respeito demasiado pela hierarquia e pelos mandatários do poder, no Brasil uma espécie de submissão à coroa. Não que velhos hábitos sejam todos descartáveis, pois senão incorreríamos nos mesmos erros das revoluções totalitárias de esquerda, eles são o nosso chão, mas não devem ser o nosso horizonte.

Acontece que o STF se dividiu literalmente entre seus Ministros, mostrando um avanço e tanto, se fosse a uns dez ou vinte anos atrás os Embargos Infringentes seriam acatados em quase sua unanimidade.

Não estamos discutindo aqui o uso do recurso em uma demanda corriqueira de natureza particular, uma dentre vários litígios que passam diariamente desapercebidos pela opinião pública.

Nesta decisão, estamos analisando o futuro da punibilidade de delitos praticados por homens públicos de alto escalão, momento propício para se consolidar a Justiça e indicar ao mundo uma postura séria ante questões de corrupção.

O Direito Processual está abaixo, neste caso, de questões éticas e mais abaixo ainda de decisões políticas jurisdicionais que precisam ser tomadas em tempos de turbulência, a nossa opção é bem clara: estagnação e um possível retrocesso ou projeção para um futuro desejado.

Não me venham falar que a Corte Suprema tem uma função apenas técnica, no estrito cumprimento da lei processual, conquistas universais como fim do tráfico de escravos na América do Norte, decisões que levaram a extinção da Máfia na Itália, o garantimento de liberdades de expressão, etnias e direito de ir vir, foram vitórias e mudanças que partiram das Supremas Cortes.

No Brasil, nossa doença principal é a corrupção, motivo de vários efeitos destrutivos como:  má gestão administrativa, falta de recursos essenciais e desconfiança internacional.

Está nas mãos da Suprema Corte a virada de Mesa, a lição para todos que no Brasil os mandatários de poder não possuem uma procuração em branco do eleitor para fazerem o que bem quiserem.

O desempate está nas mãos de um tradicional Ministro, que não foi nomeado pela polarização doentia que se instalou no país nos últimos vinte anos, espero que olhe para o futuro, que é escrito positivamente pela boa vontade de homens, e não por técnicas racionais.


Que Celso de Mello seja um personagem de nossa história, o Ministro que teve a coragem de  decidir pelo futuro de uma nação.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sinceridade Coerente

A incoerência da classe política é um dos aspectos de contestação mais marcantes das mudanças na mentalidade do eleitor.

Cada vez menos se aceita que antigos adversários se aproximem ou se aliem, e mais, aquela velha argumentação da luta entre oligarquias regionais da união para se derrotar o pior, não é mais aceita.

A mudança repentina soa como oportunista, seja ela ideológica ou de aproximação de inimigos, estas conveniências “do faz parte da política” não são mais digeridas pelo eleitor que quer a aproximação da política da vida comum.

Assistimos neste ano de articulações, antigos grupos se dividindo em busca de viabilidades, outros se aproximando de correntes ideológicas antagônicas, e até mesmo adversários históricos se aliarem nas regionalidades locais visando a longínqua eleição de 2016.

Um conselho: não façam isso. Feito o ato ele não volta mais, principalmente nesta era das redes sociais, o simples ensaio destes movimentos acarretam uma perda significativa na imagem, a coerência é uma das marcas positivas detectadas na busca de mudança pelos eleitores.

O que fazer então? Ficar enclausurado em grupos políticos que criam asfixia, normalmente comandados por ditadores? Claro que não, o que se condena aqui é a mudança incoerente seja ela ideológica ou de aproximação à grupos adversários, que defendem pontos de vista opostos, a mudança de ares e a oxigenação de ideias é necessária para o avanço.

Os craques do maquiavelismo como forma de estratégia são os que mais estão sofrendo nestas épocas de mudança, a rua pode se acalmar, mas o eleitor está atento, crítico, descrente de movimentos meramente de estratégia de guerra clássica (fortalecimentos, enfraquecimentos, aproximações, esvaziamentos, ataques e gestos) ou de marketing clintoniano dos anos 90 (discursos de gestão futurista, números, sorriso, bom mocismo).

A sinceridade coerente é artigo de luxo, e quem a tiver sairá a frente, ela ultrapassa no momento atual o preparo e a argumentação, tudo está sendo vigiado, não dá mais para ser algo que na prática se mostra ao contrário.

Aos poucos e sem que se perceba, estamos nos americanizando do ponto de vista do anseio do eleitor, especificamente na questão da boa conduta compatível ao exercício da coisa pública, não sei aonde isso vai dar, mas de alguma maneira ela será válida.

 


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cada um por si.



O mundo está confuso dizem uns, acredito que vivemos a política do cada um por si.

Os Estados Unidos é democrático, mas resolve atacar a Síria, um país a milhares de kilometros de distância alegando uso indevido de armas químicas, uma inverdade, pois sabemos que a invasão é motivada por questões econômicas e geopolíticas.

O Brasil ora defende direitos humanos de asilados políticos e cria a comissão da verdade para apurar as torturas no regime militar, ora pune um embaixador e um Ministro de Relações exteriores pela fuga de um ente político perseguido num regime ditatorial.

Somos contra espionagem de dados sigilosos pelos norte americanos, mas, a favor de grampos telefônicos e escutas para pegar os adversários políticos.

São pesos ideológicos? Acredito que não.

“O cada um por si” foi oficializado como modo de vida em todos os níveis de nossa sociedade, um reflexo do que acontece no mundo. Religião, esportes, cultura, entretenimento, indústria, comércio, tudo aos poucos vira um jogo voraz de micro competições aonde o mais forte sempre vence.

O mais forte em nossa era é o poder de comprar ou contemplar interesses particulares de segmentos. Na política assistimos uma série de figuras públicas trocando naturalmente de correntes ideológicas (antes fosse de partidos), por mera aritmética eleitoral; já a grande mídia está sendo tomada por um complexo de interesses meramente econômicos; por fim os segmentos intelectuais discutem o que apraz aos núcleos de concentração de capital e poder para obter vantagens pessoais.

Para que tudo isso? A resposta é : obter dinheiro para consumo.

Cada vez mais necessitamos de dinheiro para consumo: automóveis, roupas de grife, beleza, relacionamentos, viagens, decorações, boa gastronomia, tudo virou necessidade de aceitação social, é feliz quem usufrui disso tudo, a era do acúmulo de riquezas como sinal de sucesso está acabando.

Neste novo mundo tudo tem valor imediato e transitório, a tecnologia acelera isso, a necessidade de demonstração diária é uma espécie de linguajem motivadora da era “carpe diem”.

Acontece que esta alegria toda é paga, e o preço deste desfrute por alguns é a quase que completa exclusão social de muitos.

Como a política da chibata não funciona mais, e já se viu que em breve o pão e circo não satisfará mais estas massas à margem deste xangrilá, procura-se incluir todos num “carpe diem standart”: com produtos, subcultura e estilos de vida mais acessíveis, aonde tudo se tornará consumo e seremos aceitos através dele.


Se sou aceito, pra que me preocupar com uma guerra, injustiças sociais ou violação de direitos?