quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Qual é o rumo das novas gerações ?

No início dos anos 80 quando começou esta mania de dividir torcida em estádios de futebol, meu saudoso pai  profetizava: “Não sei onde vai parar isso”.

Vendo o que ocorreu na batalha campal de Joenville, entre atleticanos e vascaínos, lembrei desta passagem, e aproveito para fazer uma reflexão do que vem acontecendo a longo dos anos com o jovem brasileiro.

O auge desta violência foi entre os idos de 1989 e 1995, tomaram conta do Brasil naquela época mortes de torcedores, espancamentos fora e dentro de estádios, destruição de patrimônio público.

Analisavam que tratava-se de uma fase social sem esperanças, com inflação em índices alarmantes, corrupção desenfreada e principalmente falta de pulso governamental no trato dos assuntos públicos. Uma grande verdade, época de presidente Collor, de governos estaduais perdulários, inflação e desemprego alarmantes, crise no consumo pessoal e deterioração da classe média brasileira.

Em meados de 1994 o real veio, acabou com a inflação e o governo seguinte controlou o país, cortou gastos, a violência nos estádios fora combatida pela primeira e única vez, parecia que começaríamos um caminho de civilização em vários níveis nacionais.

Acontece que as reformas sociais não vieram, a periferia assistia o equilíbrio da economia nacional à distância, sem que pudesse provar de seus benefícios, já que não tinha renda, não possuía acesso à uma educação e cultura de qualidade, o que a afastava de um mercado de trabalho que emergia.
A violência entre torcidas voltou, mas era quase imperceptível, pois ocorria como ainda acontece, na periferia dos grandes centros.

No começo dos anos 2000, em meio a uma crise política de rumo, a oposição tradicional, vence as eleições, com a meta  de promover ampla inclusão social, que já era antes necessária e que no momento, com os devidos ajustes econômicos e administrativos do antecessor,  tinham toda a chance de dar certo.
No primeiro momento deu certo, iniciou-se com um amplo programa de distribuição de renda que atingiu dezenas de milhões de pessoas, enxertando dinheiro na base da pirâmide social, aquecendo as outras classes, um sonho para um povo que convivia com anos  de escassez.

Acontece que a distribuição de renda que era o propósito de inclusão não veio atrelada a políticas educacionais e culturais, serviu apenas de estimuladora de um consumo sem planejamento, o que virou o objetivo único das famílias brasileiras sejam elas da classe “B”, “C”, ou “D”.

A notória recuperação de renda de uma classe antes miserável, trouxe benefícios internos consideráveis à economia, de outro lado a distribuição de bolsas para famílias com patamares levemente superiores a um nível de pobreza, provocou um abandono da importância da educação voltada para o trabalho, e o pior, um desestímulo do crescimento pessoal através dele.

Uma parte dos jovens mais carentes, verdadeiros heróis, com bases sólidas familiares, quebraram legados de miséria, progrediram e completaram o ensino médio, sendo que em alguns casos chegaram as universidades, aqueceram o mercado trabalhando.

Infelizmente a grande maioria ficou pra trás.

Uma geração que na primeira década deste século  assistiu seus pais abrirem mão de trabalhar para viver de bolsas assistenciais do governo, tomou  isso como norma de formação pessoal, esses filhos das bolsas cresceram,  e chegaram na juventude com um paradoxo de despreparo educacional e cultural e uma vontade enorme de consumir.

Estes jovens foram educados por games (normalmente violentos), pornografia de fácil acesso, redes sociais que disseminam futilidades, além é claro da nociva programação da televisão aberta, eles comem muito mal (são obesos, anêmicos ou tem músculos artificiais), usam drogas de forma constante e se embebedam quase que diariamente.

A culpa deste caos é em primeiro lugar do núcleo familiar ( que não impõe limites e não educa com exemplos), seguidos do sistema educacional falido e da subcultura imposta pela grande mídia.

Acontece que esta geração que cresce de maneira  ignorante, intolerante e insensível, se vê à frente de um país que novamente lhe dá indicativos de desesperança. Vivemos uma crise ética e moral, um cada um por si geral, num sistema consumista e corrupto ao extremo que reflete em todos os níveis de convívio um espelho social do que acontece com nossas instituições.


Se a briga não for nos estádios ela será nas ruas, e da pior maneira possível, pois sem pensamento e esperança o que surge é o ódio.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Tormentas à vista.


A nitidez da imagem das pesquisas é clara : Dilma tem grandes chances de ser reeleita, aprovação razoável, estabilização da crise de junho, etc.

Acontece que nas entrelinhas, a última pesquisa sinaliza que o aparente mar calmo indica tormentas à vista. 
Dentre os elementos principais nota-se uma necessidade de mudança nos rumos do país, conforme 66% dos eleitores,  este sentimento de mudança se concentra principalmente na região Sudeste.

Acontece que este eleitor ainda não visualiza a mudança necessária no quadro de candidatos estabelecidos, mas acredito que começará a vislumbrá-la no crescimento das candidaturas de oposição e principalmente na exposição de conhecimento do terceiro candidato, Eduardo Campos, e sua vinculação a Marina Silva e outros segmentos oposicionistas.

As comemorações de setores governistas, um tanto que entusiasmadas demais, tem a sua razão de ser, mas se equivocam na sensação de fatura definida. A eleição de 2014 não começou ainda para o eleitor comum, estamos num período de percepção eleitoral baseada na vida pessoal e felicidade individual do momento, a reflexão política se dá em períodos eleitorais e a semente da mudança está plantada desde a metade de 2013.

O discurso da polarização entre os que se odeiam, ganhará força em setores da classe média organizada, mas perderá na classe média comum que não quer rivalidades mas sim melhorar o país e sua relação com o setor público.

Não vejo espaço para uma oposição moralista e conservadora, que não discuta os problemas nacionais com maturidade e boa intenção, mas vislumbro espaço e viabilidade eleitoral para uma oposição nova, que aposte na melhoria do Brasil e o combate a mazelas administrativas seculares.

Discussões como combate a corrupção, eficiência administrativa sem que o Estado perca a sua força, infraestrutura ampla, educação formadora de líderes e cidadãos, desenvolvimento sustentável e proteção ambiental, saúde universal e de qualidade, políticas sociais de compensação social, desoneração da carga tributária, não podem ceder lugar a discussões de revanchismos e ataques mútuos que não mudam na prática a vida do cidadão comum.


A despolarização da eleição será a salvação de nosso futuro, e será se efetivada, o próximo passo de nossa pueril democracia.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A ocupação de cargos públicos.

            

Um dos males da administração pública atual é o abandono da meritocracia.

Meritocracia é a conquista de postos de trabalho baseados única e exclusivamente no mérito de desempenho profissional, e no conhecimento sobre determinada área da administração.

O que vem acontecendo cada vez mais é que as acomodações políticas, impossibilitam a ocupação devida de espaços públicos, que deveriam ser feitas por pessoas com formação compatível aos cargos que existem.

O desempenho de vários setores do executivo e legislativo brasileiro, é um dos piores do mundo, dentre os principais motivos está o excesso de instrumentalização política de natureza eleitoral (cabides de emprego).

Por exemplo, faltam profissionais qualificados no setor de engenharia e gestão de tráfego, motivo: os setores de transportes se transformaram num acúmulo de profissionais sem a formação direcionada ao setor, um dos motivos do caos no trânsito das grandes metrópoles.

Outro exemplo: setores como ouvidoria de órgãos de serviços ao cidadão, são ocupados por profissionais destreinados, desinformados e despreparados psicologicamente, para o atendimento de reclamações e soluções esperadas pelo contribuinte.

Sem falar em setores estratégicos e essenciais como departamentos de informação, saúde, educação, pensamento estratégico e até planejamento.

Assistimos ao longo dos anos, o inchaço da máquina administrativa com cabos eleitorais que possuem alguma concentração de poder de transferência de votos, ocupando espaços de qualificados e bem intencionados profissionais que acabam sendo abraçados pela iniciativa privada.

Os jovens idealistas e ansiosos por uma carreira de sucesso, ao detectarem este quadro inóspito que se transformou a indústria do apadrinhamento político, fogem do setor público e pegam aversão ao sistema político.

O sistema de comissionamento e de funcionários de confiança é necessário, desde que feitos com profissionais qualificados e direcionados à uma função administrativa específica.

Acontece que normalmente isso perde a mão, e o poder de instrumentalização da máquina ultrapassa o limiar do espírito público, e coloca em risco o funcionamento de setores estratégicos e essenciais da administração pública.

Muitas vezes, não se entende os motivos do porquê um Secretário do Executivo Municipal, Estadual ou até um  Ministro, que tem boa vontade ou um histórico de competência administrativa em outros setores, não consiga desempenhar o esperado, a resposta a meu ver é simples : a montagem da equipe.

Em primeiro lugar deve se priorizar uma equipe que saiba planejar, voltada para a eficiente gestão administrativa, em segundo, a existência de um departamento de marketing e comunicação ativo, que não somente divulga o que vem sendo feito, mas que interligue os setores da sociedade no desempenho da função pública, aprendendo a ouvi-los,  aprimorando os serviços, criando junto a gestão soluções rápidas e eficientes. Com o inchaço de cargos isso se torna impossível, enquanto os bons funcionários tentam fazer algo, os maus aguardam a próxima eleição.



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Transporte : a vocação precisa mudar.


A discussão sobre hidrovias e ferrovias se alastra faz anos, nos perguntamos do por quê países como Estados Unidos, Rússia e China, de dimensões parecidas com o Brasil, se utilizarem destas vias, e nós insistirmos com as Rodovias, caminhões e diesel ?

Os governos que se alternam se desculpam , com argumentos frágeis das obras demoradas e bilionárias  que acarretam despesas enormes e tempo demasiado. Sabemos que  isso não passa de desculpa, que só servem  para encobrir os dois principais motivos da inação: ineficiência administrativa e corrupção.

A ineficiência se baseia na ocupação dos cargos diretivos , norteada por indicações políticas que não convém  com a realidade técnica dos mandatos, e uma  centralização impossível de administrar através do poder central (Ministério dos Transportes e DNIT).

O Sistema estabelecido facilita a corrupção, pois obras bilionárias são mais fiscalizadas e sua solução passa pelas mãos de poucos, enquanto que no caos proposital  das pequenas obras os negócios são vastos e quase que imperceptíveis.

Por exemplo, a hidrovia Telles Pires que serviria para escoar a produção da soja matogrossense até Belém não fica pronta, pois necessita de adaptações, principalmente da necessidade da remoção de pedras no leito dos rios em que passa, obra que não sairia por menos de 1 bilhão de reais, preço semelhante a um dos estádios fantasmas (Cuiabá, Manaus ou Natal) que estão sendo construídos para a Copa de 2014 .

Preferimos escoar a maior produção de soja do mundo cortando o país do Mato Grosso ao porto de Santos, em estradas destruídas, pedágios caros, poluição inevitável de combustíveis, dobrando o custo do frete.

Um dos fatos importantes, que não deixa a construção de ferrovias e o uso correto de hidrovias se concretizar, é a força política (lobby no Congresso) e midiática (anúncios nos grandes veículos de comunicação) das montadoras automotivas em nosso país, que influenciam diretamente o Executivo no uso da malha rodoviária.

A política atual do “Eu quero é vender combustível”, que choca com o que propõe o espírito da criação da Petrobrás de fomento da economia brasileira, somente ajuda nesta Ditadura Rodoviária que sofremos, uma mentalidade muito simplista, equiparando por baixo nosso país a uma realidades saudita.

Estamos pagando um preço muito caro, por defender o interesse de duas dezenas de multinacionais européias, norte americanas e asiáticas em detrimento ao nosso desenvolvimento ambientalmente sustentável (caos nos grandes centros) e o  crescimento econômico do país (logística, custo, rapidez).

A política de transporte tem que ser revista nas Eleições de 2014, sob pena de na próxima eleição elegermos um automóvel para Presidente. 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Eleições para Governador, não esqueça.

Enquanto discutimos todos os movimentos da sucessão presidencial deixamos em um segundo plano as eleições para Governador, que também ocorrerão no ano que vem.

A complexidade de palanques casados com a eleição federal provocará choques e recuos que abalarão as políticas regionais.

Acostumamos com eleições polarizadas entre PT e PSDB, mais precisamente em disputas  entre Lula x Serra ou Alckmin. A eleição que se aproxima é um resgate em parte do que ocorreu em 2002 entre Lula, Serra, Ciro e Garotinho.

Nesta. o candidato a presidência do PSDB é de Minas Gerais, pela primeira vez em anos, São Paulo não encabeçará o majoritário federal, Alckmin terá disputa múltipla no Governo paulista  (Padilha - PT, Skaf - PMDB, Kassab - PSD, Major Olímpio-PDT, etc.)  e não polarizada como foram as últimas três eleições, em todos os casos a disputa será possivelmente em dois turnos.

No Nordeste a complexidade é ainda maior, alianças PSB - PMDB serão desfeitas, Estados como Paraíba por exemplo, Dilma terá que buscar palanque e criar candidatos, já que a polarização local é entre PSB x PSDB. A candidatura de Eduardo Campos a presidência cria um reordenamento nas alianças e disputas do majoritário do Estados nordestinos.

 No Rio de Janeiro, Sérgio Cabral está mal avaliado, achava que passaria naturalmente a  cadeira  para seu vice Pezão – PMDB, ao contrário sofre com os ataques diários ao Governo. O ex-governador Garotinho - PR e o Ministro Crivela - PRB  despontam à frente nas pesquisas e são base de Dilma no Congresso, enquanto isso o PT quer Lindembergh candidato, no papel do jovem administrador, ou seja, todos orbitam no raio de ação de Dilma, uma conciliação quase que impossível.

A complexidade destas eleições a Governador será de dimensões incalculáveis em seu resultado final, um verdadeiro embaralhamento da política nacional, devemos estar atentos a estes pleitos, pois os principais índices de insatisfação popular estão ligados diretamente a competência  dos executivos estaduais ( Segurança pública, educação fundamental, Saúde, mobilidade de transporte metropolitano, dentre os principais).

A opção do eleitor nas eleições estaduais não será por políticas econômicas de inclusão social e de aumento de crédito, terão que atingir a necessidade do usuário de serviços públicos, justificando e convencendo o eleitor dos feitos ou mostrando de maneira objetiva o que deverá ser realizado.

O diferencial será a percepção de imagem que este candidato passará a seu eleitor : Cidadão normal, personagem  ou político tradicional ? Homem que faz ou que diz que faz, ou pior, promete que fará? O eleitor, em sua maioria, optará pelas primeiras opções.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Cortina de Fumaça



Colocamos sempre a culpa da classe política sobre a obsessão que a maioria dos mandatários tem pelo processo eleitoral, com isso abandonam o mais importante que é a gestão.

A antecipação eleitoral é necessária sob o ponto de vista estratégico, mas tem que vir acompanhada da responsabilidade pública, já que o representante é eleito para exercer seu mandato e não para vencer eleições como fosse uma partida de futebol.

Acontece que vivemos um período em que a antecipação das eleições de outubro de 2014, está sendo estimulada principalmente pela Imprensa especializada em política.

O casamento político entre Marina e Eduardo Campos é um caso destes, me pergunto qual é o nível de tecnicidade de uma pesquisa realizada dias depois do anúncio da fusão? Sabemos que existe um impacto inicial num evento deste, com grande carga emocional, que produz uma bolha de ilusão, a medição da tendência real do que aconteceu será constatada somente daqui  quarenta ou sessenta dias.

O eleitor que antes era moldado a partir das vésperas do período eleitoral, pelos factoides de pesquisas mal feitas, agora é manipulado um ano antes dela por uma ardilosa teia de interesses.

Neste momento, pesquisas legítimas são as de aprovação do governo e das tendências quantitativas ao majoritário nacional, a medição real dos efeitos da aliança Marina - Campos, começará a ser verdadeira por volta do início de 2014.

O pior de tudo é o cálculo da migração dos votos de Marina, feito por alguns, decorrentes de sua ausência da disputa presidencial: “x” para Dilma, “y”  para Campos ou “z” para Aécio. As análises partem de uma lógica simplista cartesiana, estabelecendo porcentagens aleatórias de transferência de votos, aonde interesses são facilmente manipulados por todas as partes.

A migração destes votos será muito mais definida pela tendência de eleitores por faixa etária e nível sócio econômico que Marina anteriormente possuía, do que um cálculo frio e automático (como se pelo fato da Seleção Brasileira vencer a Albânia por 4 a 0, e a Espanha perder da mesma Albânia por 2 a 0, ganharemos da Espanha de 6 a 0).

A tendência é que os eleitores de camadas mais populares com idade acima de quarenta e cinco anos no interior do Brasil e nas regiões periféricas das capitais migrem em sua maioria à candidatura de Dilma, enquanto que eleitores mais jovens de classe média localizados nos grandes centros econômicos migrem principalmente para Campos e de maneira localizada para Aécio.


Mas isso são suposições, que serão usadas cada vez mais como marketing de demonstração de força, já que nos dias de hoje não basta ser melhor, criativo e utilizar-se das ferramentas modernas de marketing, tem que se demonstrar poder e viabilidade. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

A manobra de Marina.

A estratégia venceu no caso Marina, seu recuo tem aspectos de cristianismo templário, reflexão pastoral e movimentos das guerras descritas nas epopeias hindus, táticas distantes do maquiavelismo ocidental clássico, e quase que inaplicáveis nos tempos atuais.

Percebendo que os obstáculos para viabilizar seu Partido eram invencíveis, recuou, e surpreendeu de uma só vez o Planalto e a oposição, filiou-se ao PSB, o partido do presidenciável Governador Eduardo Campos.
Imaginem se em 2006 acreditaríamos que o principal antídoto contra o Partido dos Trabalhadores no poder central viria de Eduardo Campos (Governador aliadíssimo) e Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente de Lula.

A roda do tempo girou, Eduardo se distancia cada vez mais, e parece que definitivamente rompeu com o PT no ato de filiação de Marina que aconteceu neste fatídico dia 05 de outubro.

O movimento de Marina dizem uns que foi emocional, para machucar o PT, membros da REDE estão descontentes com a atitude da Ministra, ela negou o convite de filiação ao PPS (oposição), teria legenda garantida e desembarque total de seus aliados, ninguém entendeu ou sabe direito o que a motivou.

O que podemos analisar hoje é que Eduardo Campos ganhou energia suficiente para começar a discutir como oposição viável, Marina lhe dará leveza, uma certa inserção no sudeste politizado, credibilidade de força eleitoral no meio político.

Quanto a Marina, não sabemos o que será de seu futuro político, uns acham que ela jogou fora a sua oportunidade de ouro em disputar a presidência, outros, com visão mais messiânica, acreditam que ela fez um sacrifício em nome da vitória da oposição real.

Procuro não me antecipar, pois além da possibilidade de ser vice de Eduardo, dependendo da viabilidade deste, Marina ainda não é descartável para 2014 como candidata majoritária a presidência, poderia até preencher espaços nos executivos estaduais dos principais Estados do país como uma puxadora de votos para a candidatura maior de Campos.

O futuro está lançado, mas não acredito que Lula e a articulação política da presidente Dilma tenham gostado do movimento surpreendente feito por Marina, com ele, o PSB rompe em definitivo com a candidatura Dilma, despolariza a disputa que até então só interessava ao PT e isola o PSDB num discurso negativo.

Quanto ao projeto das oposições clássicas de disputa do poder, ele precisa ser modificado e repaginado urgentemente, clamor de todos à no mínimo três eleições, as táticas udenistas que são utilizadas se demonstram cada vez mais ultrapassadas (moralismo e tecnocracia), não convencem mais o eleitor comum, que queiram ou não, está mais satisfeito com o país.

Lá por 2025 quando falarmos desta eleição se dirá: “Na verdade aquela eleição foi definida por Marina, um ano antes, quando se aliou a Eduardo”, e só o futuro nos dirá pra quem isso foi bom.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O uso correto das Redes Sociais pela política.



Falamos muito nas redes sociais (twitter, facebook, youtube, etc.) como elemento de comunicação do candidato, afinal elas significam mídias que provocam a interação direta e imediata entre o eleitor e o seu representante.

As redes sociais nos livram das amarras da Televisão e do Rádio (limites de tempo, controle de programação e alto custo), são mais eficazes e baratas do que a impressão de material gráfico (problemas de logística evidentes e alcance consideravelmente limitado).

Mesmo assim a classe política ainda não mergulhou nesta mídia, que veio para modificar a maneira de se comunicar, o motivo mais evidente é o receio da interação direta com o eleitor.

A maioria usa as redes sociais apenas para comunicar informações diárias, uma espécie de agenda em movimento (o que o político fez ontem),  no máximo publica-se artigos chapa branca sem nenhum apelo de marketing ou discussão eficaz.

As redes sociais acabam virando um site em rede, uma série de interações dinâmicas não são realizadas, o que leva o eleitor a ter uma visão de desconexão ainda maior com o seu representante.

Acontece que a classe política em sua maioria não compreende a diferença entre comunicação e marketing, o primeiro é informação, publicidade, o segundo é estratégia de persuasão e convencimento. ONGS e grupos organizados dão um show nas redes sociais nesta interação, através de vídeos, grupos de discussão, bate papo e até games.

Enquanto isso as assessorias parlamentares, normalmente de formação jornalística, não compreendem que o eleitor além de ser informado, quer ser conquistado com projetos futuros sérios e explicações convincentes do que está se fazendo de real no presente.

O eleitor quer falar, participar das ideias e feitos de seu representante, quer saber se ele é de fato humano, se pensa sobre questões polêmicas, se acredita em algum modelo econômico, social e ético, se tem coragem de criticar acontecimentos nacionais e internacionais, se está fazendo algo de real em prol da sociedade naquele momento.

O eleitor não quer saber de agenda de políticos, que se baseia normalmente em reuniões com grupos regionais e setoriais ou inaugurações, só se interessarão por estas informações se vierem sob forma de conquistas, feitos que beneficiem a sua vida, e que mesmo assim precisam ser bem explicados, senão o inconsciente do eleitor as lê como um encontro de poderosos em cima de um palanque, ou caça a votos.


Neste contexto as redes sociais são a mídia ideal, mas sem conteúdo e ações que realmente transmitam credibilidade a este eleitor, elas se tornam espelhos digitais do vazio e teatro que vivem a maioria de nossos representantes.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O jogo é jogado.


Reta final de definições no calendário eleitoral, decisão polêmica do STF no caso do mensalão, REDE na UTI e PSB devolvendo cargos no Governo Federal.

Mas a grande surpresa, e que passou desapercebida de todos, foi a criação do Partido da Solidariedade, que neste final de prazo de filiações será a única janela disponível para todos os políticos descontentes no país.

Sem alardes e nem holofotes, com um foco na discussão da causa sindical, foi criado à sombra da badaladíssima REDE, que provocou suspiros em muitos descontentes com a polarização nacional.

Acontece que a política possui um jogo sistêmico próprio, com regras semelhantes em parte à guerra. Muitas vezes o sigilo aliado a um trabalho pragmático de formação partidária é mais eficaz, do que expectativas e macroprojetos de mudança sistêmica, que são impraticáveis a um curto prazo.

Se não formada a REDE, nos remeteremos exclusivamente a disputa dentro do âmbito da política tradicional, com atores definidos entre a polarização PT X PSDB e uma terceira via que ninguém sabe se vai ou não as urnas, e se caso ir qual será sua cara?  Oposição, situação ou podemos mais? Com a palavra o Governador pernambucano.

Se por um lado a saída de Marina do jogo, através do indeferimento da criação da REDE, torna a eleição menos difícil para a Presidente, por outro lado alguns fatos enfraquecem esta na corrida, somente nos últimos dias detectamos: o mensalão ( que sempre renasce nos recursos intermináveis aceitos pela Suprema Corte), a insatisfação notória dos Partidos aliados (declarações do PMDB e rompimento do PSB), a indefinição no posicionamento do PT nas principais eleições para Governador (São Paulo, Rio, Minas Gerais) e a agora a mais recente, uma guerra fria inútil com os EUA, que em 2014, assim como já fizeram na Venezuela em 2013, vão querer de alguma forma participar.

E o jogo começa a ser jogado, está nos detalhes e não somente na força, e aquele que tentar definir o seu resultado, desta vez, correrá grandes riscos de errar.





segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O futuro infringente.

Essa foi a semana que se discutiu o caduco instrumento processual dos Embargos Infringentes.

O que assistimos não é uma briga entre mocinhos e vilões, ela ultrapassa isso, assistimos um embate sobre uma opção do país entre a tradição e a liberdade.

Tradição no direito e na política é o cultivo de hábitos antigos, respeito demasiado pela hierarquia e pelos mandatários do poder, no Brasil uma espécie de submissão à coroa. Não que velhos hábitos sejam todos descartáveis, pois senão incorreríamos nos mesmos erros das revoluções totalitárias de esquerda, eles são o nosso chão, mas não devem ser o nosso horizonte.

Acontece que o STF se dividiu literalmente entre seus Ministros, mostrando um avanço e tanto, se fosse a uns dez ou vinte anos atrás os Embargos Infringentes seriam acatados em quase sua unanimidade.

Não estamos discutindo aqui o uso do recurso em uma demanda corriqueira de natureza particular, uma dentre vários litígios que passam diariamente desapercebidos pela opinião pública.

Nesta decisão, estamos analisando o futuro da punibilidade de delitos praticados por homens públicos de alto escalão, momento propício para se consolidar a Justiça e indicar ao mundo uma postura séria ante questões de corrupção.

O Direito Processual está abaixo, neste caso, de questões éticas e mais abaixo ainda de decisões políticas jurisdicionais que precisam ser tomadas em tempos de turbulência, a nossa opção é bem clara: estagnação e um possível retrocesso ou projeção para um futuro desejado.

Não me venham falar que a Corte Suprema tem uma função apenas técnica, no estrito cumprimento da lei processual, conquistas universais como fim do tráfico de escravos na América do Norte, decisões que levaram a extinção da Máfia na Itália, o garantimento de liberdades de expressão, etnias e direito de ir vir, foram vitórias e mudanças que partiram das Supremas Cortes.

No Brasil, nossa doença principal é a corrupção, motivo de vários efeitos destrutivos como:  má gestão administrativa, falta de recursos essenciais e desconfiança internacional.

Está nas mãos da Suprema Corte a virada de Mesa, a lição para todos que no Brasil os mandatários de poder não possuem uma procuração em branco do eleitor para fazerem o que bem quiserem.

O desempate está nas mãos de um tradicional Ministro, que não foi nomeado pela polarização doentia que se instalou no país nos últimos vinte anos, espero que olhe para o futuro, que é escrito positivamente pela boa vontade de homens, e não por técnicas racionais.


Que Celso de Mello seja um personagem de nossa história, o Ministro que teve a coragem de  decidir pelo futuro de uma nação.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sinceridade Coerente

A incoerência da classe política é um dos aspectos de contestação mais marcantes das mudanças na mentalidade do eleitor.

Cada vez menos se aceita que antigos adversários se aproximem ou se aliem, e mais, aquela velha argumentação da luta entre oligarquias regionais da união para se derrotar o pior, não é mais aceita.

A mudança repentina soa como oportunista, seja ela ideológica ou de aproximação de inimigos, estas conveniências “do faz parte da política” não são mais digeridas pelo eleitor que quer a aproximação da política da vida comum.

Assistimos neste ano de articulações, antigos grupos se dividindo em busca de viabilidades, outros se aproximando de correntes ideológicas antagônicas, e até mesmo adversários históricos se aliarem nas regionalidades locais visando a longínqua eleição de 2016.

Um conselho: não façam isso. Feito o ato ele não volta mais, principalmente nesta era das redes sociais, o simples ensaio destes movimentos acarretam uma perda significativa na imagem, a coerência é uma das marcas positivas detectadas na busca de mudança pelos eleitores.

O que fazer então? Ficar enclausurado em grupos políticos que criam asfixia, normalmente comandados por ditadores? Claro que não, o que se condena aqui é a mudança incoerente seja ela ideológica ou de aproximação à grupos adversários, que defendem pontos de vista opostos, a mudança de ares e a oxigenação de ideias é necessária para o avanço.

Os craques do maquiavelismo como forma de estratégia são os que mais estão sofrendo nestas épocas de mudança, a rua pode se acalmar, mas o eleitor está atento, crítico, descrente de movimentos meramente de estratégia de guerra clássica (fortalecimentos, enfraquecimentos, aproximações, esvaziamentos, ataques e gestos) ou de marketing clintoniano dos anos 90 (discursos de gestão futurista, números, sorriso, bom mocismo).

A sinceridade coerente é artigo de luxo, e quem a tiver sairá a frente, ela ultrapassa no momento atual o preparo e a argumentação, tudo está sendo vigiado, não dá mais para ser algo que na prática se mostra ao contrário.

Aos poucos e sem que se perceba, estamos nos americanizando do ponto de vista do anseio do eleitor, especificamente na questão da boa conduta compatível ao exercício da coisa pública, não sei aonde isso vai dar, mas de alguma maneira ela será válida.

 


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cada um por si.



O mundo está confuso dizem uns, acredito que vivemos a política do cada um por si.

Os Estados Unidos é democrático, mas resolve atacar a Síria, um país a milhares de kilometros de distância alegando uso indevido de armas químicas, uma inverdade, pois sabemos que a invasão é motivada por questões econômicas e geopolíticas.

O Brasil ora defende direitos humanos de asilados políticos e cria a comissão da verdade para apurar as torturas no regime militar, ora pune um embaixador e um Ministro de Relações exteriores pela fuga de um ente político perseguido num regime ditatorial.

Somos contra espionagem de dados sigilosos pelos norte americanos, mas, a favor de grampos telefônicos e escutas para pegar os adversários políticos.

São pesos ideológicos? Acredito que não.

“O cada um por si” foi oficializado como modo de vida em todos os níveis de nossa sociedade, um reflexo do que acontece no mundo. Religião, esportes, cultura, entretenimento, indústria, comércio, tudo aos poucos vira um jogo voraz de micro competições aonde o mais forte sempre vence.

O mais forte em nossa era é o poder de comprar ou contemplar interesses particulares de segmentos. Na política assistimos uma série de figuras públicas trocando naturalmente de correntes ideológicas (antes fosse de partidos), por mera aritmética eleitoral; já a grande mídia está sendo tomada por um complexo de interesses meramente econômicos; por fim os segmentos intelectuais discutem o que apraz aos núcleos de concentração de capital e poder para obter vantagens pessoais.

Para que tudo isso? A resposta é : obter dinheiro para consumo.

Cada vez mais necessitamos de dinheiro para consumo: automóveis, roupas de grife, beleza, relacionamentos, viagens, decorações, boa gastronomia, tudo virou necessidade de aceitação social, é feliz quem usufrui disso tudo, a era do acúmulo de riquezas como sinal de sucesso está acabando.

Neste novo mundo tudo tem valor imediato e transitório, a tecnologia acelera isso, a necessidade de demonstração diária é uma espécie de linguajem motivadora da era “carpe diem”.

Acontece que esta alegria toda é paga, e o preço deste desfrute por alguns é a quase que completa exclusão social de muitos.

Como a política da chibata não funciona mais, e já se viu que em breve o pão e circo não satisfará mais estas massas à margem deste xangrilá, procura-se incluir todos num “carpe diem standart”: com produtos, subcultura e estilos de vida mais acessíveis, aonde tudo se tornará consumo e seremos aceitos através dele.


Se sou aceito, pra que me preocupar com uma guerra, injustiças sociais ou violação de direitos? 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Liberdade ainda que tardia.

O Brasil tem em sua formação os cacoetes da Monarquia Portuguesa espelhada na corte francesa dos Bourbon.

Sempre tivemos uma resistência com os EUA - Inglaterra, fato normal, pois a nossa formação é oposta. Isto somente mudou em dois momentos, na república do Café com Leite (no início do século XX), e um pouco a partir dos anos 90 com um governo mais liberal, menos intervencionista e mais estabilizado monetariamente.

O que choca muito uma parte da opinião pública, principalmente das classes médias do eixo Rio - SP é a volta neste século destes posicionamentos mais relativistas e populistas dos países latinos europeus que vigorou sempre por aqui.

Sonhando que se estabeleça um mundo weberiano na gestão e na economia, esta classe média se confronta com um populismo de direita e de esquerda negativo, e não aceita o humanismo e solidarismo que é positivo, pois em sua mentalidade cartesiana esta forças diversas não cabem no quadro de poder.

Esta ideia vinda do Trópico de Capricórnio acredita de maneira simplória, que assim como nos EUA e Inglaterra a política se dividirá entre conservadores (republicanos) e trabalhistas (democratas), o Direito será exato, punitivo e exemplar, a economia será livre aonde os mais fortes vencem, a estética será saxônica e o fim da sociedade é a família próspera, linda e feliz, mesmo que for a custa de grande parte da população.

Esquecem-se que a Nova Inglaterra esperada não foi formada pelo catolicismo e sim pela reforma protestante, não teve a miscigenação maravilhosa entre índios negros e brancos, não foi aceptiva a imigrantes europeus, semitas e asiáticos, e mais uma série de conceitos históricos, religiosos e antropológicos que nos distinguem.

Quero salientar que nem somos melhores nem piores por isso, temos uma identidade, mesmo que ela seja juvenil.

Querendo ou não estas classes, o Brasil se espelhará sempre de maneira inconsciente na formação  portuguesa e francesa, com ranços monárquicos de nomes e sobrenomes e autoridades, com a mistura de idealistas, humanistas, ditadores, populistas, elitistas e moralistas, espalhados e misturados em correntes de interesses individuais, e não de salvação coletiva.

O Direito é Romano, papal, imposto de cima pra baixo, injusto, a economia é mercantilista, a meta é inclusiva, ligada a fome, a expansão é um mito distante, assim podemos ser um país qualquer no contexto mundial mas aqui precisamos viver bem.

A política atual sofre com isso, de um lado os azuis buscam uma Nova Inglaterra, dividindo o mundo entre fiéis e pagãos, do outro os vermelhos aderem a uma das várias faces nacionais, inspiradas em França, o caudilhismo, a generosidade com as massas, “o deixa ver o que vai acontecer” ou “o vamos enganá-los com festas e pão”.


Precisamos urgentemente amadurecer, pois uns nos querem calcando um sapato que não cabe em nossos pés, enquanto outros não querem que nos libertemos do jugo da coroa.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Redes sociais : a origem da grande mudança.


 As redes sociais revolucionaram a mídia tradicional, existe cada vez menos o monopólio da informação, tudo é compartilhado, escrito ou visto.

Se este centralismo se enfraquece, fica cada vez mais difícil a manipulação dos grandes meios de informação, que devem analisar com muita prudência se vale a pena criar factóides e dar versões parciais a fatos políticos e sociais, sob pena de caírem em massa no descrédito das novas gerações.

As redes sociais ultrapassaram as mídias digitais tradicionais, pois o seu usuário interage constantemente, e possivelmente com o tempo acabará com a maioria da mídia escrita.

Isso não é apenas um fenômeno de tecnologia, é uma mudança social radical, por um motivo que existia mas políticos, grande mídia e elite econômica e cultural não queriam perceber: o anseio da participação ativa nos acontecimentos da sociedade.

A concentração de saber e imposição de hábitos de cima para baixo, sejam eles políticos, intelectuais ou do mercado, estão naturalmente desmantelando com a rapidez da interação. Grupos novos se formam, pessoas distantes trocam informações, virais desmontam teses e manipulações históricas.

A Rede social, principalmente o Facebook, Twitter e Youtube, colocam tudo em discussão, e concomitantemente em risco. Se a grande mídia e os grupos de poder não se atentarem que a interação e participação é o espírito que rege estas tecnologias se extinguirão.

Vou ser sincero, fico sabendo das informações por redes sociais, não tinha ânimo nem tempo de parar tudo para ligar um computador e abrir um site, ou pior, acessar sites de busca, a rede social me traz elas mastigadas, uma seleção automática pelo perfil dos que seguimos.

E a mídia impressa nisso? Você vai comprar a banca de jornal inteira e demorar horas para ler milhares de publicações? Claro que não, a informação está cada vez mais imediata, ideias estão sendo condensadas a poucos toques, artigos e reportagens gigantescas são descartados por semelhantes resumos e até ementas.

Mas a grande reflexão será: Quem controla estas redes sociais? A interação segue moldes de um futuro inclusivo e participativo, uma democracia pura, um socialismo utópico, mas na verdade é o capitalismo corporativo e as empresas privadas que a regem, com interesses gerais ditados pelas leis de mercado.

E aí reside o novo temor do futuro da informação, um admirável mundo novo em que tudo estará nos dedos de uma mão.

Renato Dorgan Filho, advogado constitucionalista, consultor em estratégia e marketing político, proprietário da agência Travessia Estratégia e Marketing Político.



sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O que o povo tem a ver com isso?


                                                                                      
                                 “Ao vencedor as batatas” – Machado de Assis."


Os dois últimos meses de definição partidária para as eleições de 2014 chegaram.

Ouvimos perguntas frequentes como: A REDE se formará? Serra sairá do PSDB?  Em menos de sessenta dias saberemos.

A definição principal será o destino partidário de vários candidatos espalhados pelo país, os futuros Deputados, Senadores e Governadores.

A escolha de rumo partidário no caso de parlamentares quase sempre é numérica, num sistema proporcional distorcido a quantidade de votos para ser eleito em cada partido difere.

Outro temor nestas eleições é o fim das coligações proporcionais, se for decidido pelo Congresso ou por alguma daquelas resoluções tardias do TSE, desmontará uma série de chapas de candidaturas proporcionais, disparando cortes de eleitos e em alguns casos inviabilizando a chapa completa de alguns partidos.

O estratagema das filiações para candidaturas aos Governos Estaduais segue lógicas complexas: que misturam realidades locais, palanques federais e impossibilidades legais de composição.

E aí nos perguntamos, o que o povo tem a ver com isso? A política, num ambiente de disputa de poder tão complexo, vira um artigo de luxo, a gestão administrativa e a ação de legislar e executar torna-se uma raridade na ocupação do tempo dos mandatários do poder.

A reforma política é necessária, e urge sua realização, mas deverá ser feita numa discussão ampla e focada na simplificação do sistema, dentro de um ambiente legal e não em um palco de marketing televisivo.

O Partido que conseguir fugir deste sistema tradicional do tabuleiro do xadrez político, e atentar aos anseios da população comum, largarão com vantagem na corrida de 2014, as novas gerações clamam por perspectivas reais de futuro (inclusão social, participação na sociedade e ética e respeito com as questões coletivas e individuais), as massas sonham com serviços eficientes (impostos baixos, transporte eficiente, saúde e educação nos patamares europeus).

As ruas e casas querem serviços públicos de qualidade e não estão nem aí na complexidade dos arranjos políticos e eleitorais. Por favor atentem a isso,  que até o Papa já percebeu.

Renato Dorgan Filho, advogado constitucionalista, consultor em estratégia e marketing político, proprietário da agência Travessia Estratégia e Marketing Político.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Um novo tempo.

Até meados dos anos oitenta o status era pertencer a grupos de poder, quanto mais altos os escalões melhor, a política verbalizava isso, depois o Judiciário, a Polícia e o Exército.

O país se libertou da opressão, se redemocratizou, na largada teve uma experiência traumática com  Sarney e Collor, aí veio FHC e o fim da inflação .

Lá fora veio Clinton, a União Européia e a globalização, o liberalismo econômico virou lei.

As corporações nacionais e multinacionais viraram o grande desejo de participação, a política perdeu força, foi tomada por lobos carismáticos, a velha guarda foi ironizada, ter conteúdo tornou-se secundário e a arte de negociar virou o segredo.

Multinacionais, instituições financeiras, montadoras, empresas de energia, viraram o sonho dos estudantes, jovens e adultos, o capitalismo virou uma ordem que parecia inabalável.

Daí vieram os ataques às torres gêmeas pelo terror islâmico, e as ações da direita americana fez uma geração dos que já estavam descrentes da política, desconfiarem também das grandes corporações.

Aqui deu Lula e depois Dilma, o país remexeu, classes subiram, fisiologismo dominou, os problemas continuaram, a república perdeu força e o pragmatismo venceu.

No mundo a crise econômica veio, e expôs de vez a fragilidade do mundo corporativo, e desmascarou os reais interesses destes grupos : o lucro.

No final da primeira década deste século brotou a muda da busca da felicidade pessoal, nem a busca do poder pelo poder da política tradicional, nem a privatização total da vida resumida no ato de consumir.

O poder e o dinheiro são colocados em xeque, a luta pelo meio ambiente, pela qualidade de vida, pela ética, pelo respeito às diferenças de pensamento e agir, pelo respeito às raças, o combate a bullyngs e assédios morais tomam conta de gerações, e contaminam positivamente grande parte dos  jovens.

O triste é ver a política e as corporações nacionais tão distantes deste novo tempo, e aí está o nosso problema com o presente.



sexta-feira, 26 de julho de 2013

Transparência

Momento de silenciar acreditam uns, momento de se comunicar direito dizem outros. O realista pensa: na verdade quem deve não teme.

A crise de identidade política instaurada em nosso país demonstra a fragilidade de seu exercício.

Me perguntam constantemente o que se fazer num momento como esse? De cara respondo, seja você mesmo, se isso for bom,  faça e proponha coisas que você conhece e tenha condições de executar, senão mude, se recolha e contribua de outra forma.

Tenha uma conduta simples, não ostente, não ande em tropas de segurança e de assessores, não assedie moralmente os seus próximos, mostre abertamente no que você acredita, seja religioso ou não, conservador ou progressista, defenda suas convicções e as siga.

A classe política brasileira tem a fixação pelo mágico e inalcançável. Quem vende apenas sonhos não quer executá-los, quer apenas colher os frutos desta expectativa, e o eleitor percebeu isso.

O  povo cansou, prefere ver coisas simples realizadas, homens comuns na ação política, menos conversa e mais ação, quer conduta ética no trato das coisas, não suporta mais barganhas.

A eleição de 2014 vai ser aquela do que “ O Senhor fez de verdade por nós?” . Os candidatos ouvirão isso e terão de responder com convicção e verdade.

Quem já tiver mandato vai ter que explicar diretamente o que fez, ações impalpáveis e genéricas não serão admitidas, e quem não tiver mandato deverá estar envolvido com algo de real, não adiantará na maioria dos casos ter uma grande horda de amigos ou um grande apelo financeiro.

O homem público será medido pelo que faz,  por sua imagem próxima a do homem comum e por sua conduta ética e moral.

A pesquisa será o principal instrumento de medição destas expectativas, mensurar a imagem e vocação do político e cruzá-las com a expectativa do eleitor será um dos segredos desta imprevisível eleição de 2014.


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sucessão de erros.


No início de tudo o governo federal fez de conta que não era com ele, mas sim pelo valor das passagens de ônibus, pelo policiamento hostil ou em virtude dos gastos com a Copa.
Depois continuaram as manifestações e percebeu-se que o poder central é o principal motivador do descontentamento, a queda de aprovação da Presidente foi vertiginosa e sobrou por tabela para toda a classe política.
O Brasil ganhou a Copa, daí começaram as tentativas de conserto, ou melhor, de extração de galhos podres e tortos: derrubou-se a PEC 37, fizeram um pacotão de medidas genéricas que já se diluiu, um ou outro movimento paliativo..., quando que num repente, uma junta de tecnocratas da Casa Civil inventaram o grande Plebiscito de Reforma Política.
Quando o cidadão meramente informado parou para refletir sobre este plebiscito, descobriu que sua realização era inútil, existia simplesmente para desviar o foco do principal do problema: uma crise de gestão de governo.
A reforma não colou, e aos poucos se matou a idéia bizarra, sepultada aos poucos pelo Congresso.
Este mesmo Congresso iniciou um ensaio confuso de uma micro reforma política, esperando também que a fumaça do descontentamento se dissipasse, como se esta crise fosse passar, não perceberam que é uma mudança de hábito.
Como não bastasse a sucessão de desastrosas medidas, mobiliza-se às Centrais Sindicais para uma fictícia greve geral, para chorarem junto à população brasileira e em contrapartida assustar adversários políticos.
Resultado: um grande fracasso, sem nenhum mote justificável se diluiu numa tentativa megalômana de alcançar os grandes centros, o efeito foi um tiro na água.
As derrotas e trapalhadas sucessivas, levam o governo federal de uma eleição praticamente ganha no início do ano para um dos pleitos mais concorridos de nossa história, não eximindo desta árdua disputa Governadores, Deputados e Senadores, o jogo todo está em aberto.
O mais perigoso: Não existe uma regra estratégica de ação definida, será olho no olho, na base da confiança, da ficha pregressa e das ações unicamente em prol da melhoria da vida das pessoas, quem dá as cartas não serão as organizações, e sim as pessoas normais.
Aleluia diria o salmista, estamos realmente amadurecendo.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A Refundação do Brasil.


Minha irmã esteve na Dinamarca e um amigo na Bélgica nas últimas semanas, ambos me relataram o que viram, transporte publico de qualidade, poucos carros na rua, saúde preventiva, reciclagem e coleta de resíduos moderna, educação de primeira, etc.

Modelos de sistemas de gestão que dão certo. Me pergunto : O que o brasileiro espera quando vai às ruas? Respondo com certeza: Viver bem como nestas sociedades.

Logo pensamos: “Isso é impossível, é um outro povo, a temperatura é diferente, outra religião, não tivemos guerra”.

Não é nada disso, o problema é que nosso sistema administrativo é altamente burocrático abrindo vias para a corrupção, nossas instituições que devem coibir a corrupção são frágeis em sua ordem sistêmica (Judiciário, Receita Federal, Polícia Civil e Federal).

O Brasil foi descoberto no auge da monarquia portuguesa, e formado no segundo Império sob a centralização de Pedro II, que tinha uma corte bajuladora e ineficiente, um parlamento que representava interesses pessoais de senhores de escravos que se socorriam ao Imperador para facilitação de benesses privadas, além de uma elite financeira meramente mercantilista.

Os alicerces da refundação do Estado brasileiro está antes de mais nada no fortalecimento de instituições para que estas combatam os devaneios de nossas elites; na meritocracia para se atingir cargos públicos; na desburocratização do sistema público; na reforma do sistema político de proporcional para distrital; na reformulação  paulatina do centralismo do presidencialismo para um parlamentarismo responsável; em um novo pacto federativo (neo confederação)  de Estados, visando a reformulação fiscal e tributária e a independência de legislar temas infraconstitucionais.

 Não podemos mexer nas verdadeiras conquistas como: Constituição cidadã, autonomia do MP e do Judiciário, tripartição de poderes, eleições diretas e representativas, devido processo legal, liberdade de imprensa, estado laico, direitos humanos, que são conquistas que nos colocam num patamar mínimo de civilização.

Vamos esquecer esta besteira que estamos fadados a liderar o mundo, queremos viver bem e isso basta!





sexta-feira, 28 de junho de 2013

“As coisas precisam mudar para continuar as mesmas” (Visconti).


Depois da poeira das passagens baixar, interesses difusos apareceram na última semana: Fora Dilma, Fora Alckmin, PEC 37, volta dos militares e fechamento do Congresso, Reforma do sistema de saúde e educação, Gastos com a Copa, Infraestrutura Precária, Corrupção desenfreada, Reforma Política, etc.

O mix de reivindicações, quase sempre conflitantes, abre precedente interessante em nosso momento político: que tudo será discutido, e a sociedade a partir de agora terá que ser ouvida.

Um avanço da democracia e da república brasileira, e uma mudança radical na estratégia política exercida pelos grupos dominantes.

A falta de uma liderança organizada é ainda mais assustadora para o poder formal. Ele não as detecta, não consegue buscar pactos, o primeiro passo para definir uma estratégia é conhecer seu oponente.

Mas aqui trata-se do povo brasileiro, em grande maioria jovens da classe média de grandes centros, a real ressonância da informação no mundo virtual, causando efeito dominó nas massas.

O que aconteceu abrirá novo precedente na relação eleito e eleitor, percebemos depois de muito tempo que eleger alguém não significa passar uma procuração em branco que somente será analisada daqui a quatro anos.

O político sábio refletirá sobre o momento, mudará a posição das velas e a maneira de jogar os remos no mar, o desconectado e o cruel resistirá, e se apegará a seus fisiologismos e a brechas legais e ilegais para se manter.

No mundo das ações, tenho dúvidas sobre a última resposta da Presidente à opinião pública, medidas um tanto panfletárias. As mudanças colocadas são necessárias e precisam ser tomadas, mas precisam ser feitas no rito da democracia participativa.

Quanto a reforma política, ela talvez é uma das mais necessárias, mas a questão do plebiscito é inútil, constituinte exclusiva não existe, o instrumento da Emenda Constitucional e da lei ordinária supre a maioria das mudanças necessárias. Mudar a Constituição através de plebiscitos genéricos, fora dos ditames do Direito Constitucional, abre a porta para riscos claros ao estado democrático de Direito.


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quarta-feira, 19 de junho de 2013

A nova geração e a velha política.

Venho a algum tempo escrevendo sobre a distância da classe política das realidades populares.

O modo de se operar as crises ainda faz parte de um mundo antigo. O maquiavelismo na política internacional está pela primeira vez perdendo força em 500 anos.

As novas gerações não compreendem mais Maquiavel e suas aulas de estratégia para César Bórgia e Lorenzo di Medici. Percebem mesmo não conhecendo a história, que isso levou a um mundo profundamente desigual, conflituoso e frustrante.

Eles são sinceros, sarcásticos, pouco tolerantes, possuem um sentimento de quem não tem muito a perder. Não acreditam em quase nada.

No Brasil destaco dois fatores principais para esta descrença: educação pública de péssima qualidade e desestímulo do empreendedorismo e primeiro emprego, soma-se isso a um sistema de saúde ineficaz, falta de políticas de esporte e cultura, e uma crise no modelo tradicional da família brasileira.

Esta geração não pensa de forma cartesiana e sim tridimensional, possui uma moral que se baseia mais na ética grega do que na fé religiosa, são bem informados e pouco cultos, os sonhos são expostos através de games e não de literatura ou cinema americano.

Se identificam nas competições esportivas, e se comunicam através das redes sociais, não acreditam nas informações da TV aberta, preferem ritmo à música, o antigo não significa nada pois não os levou a lugar nenhum.

De outro lado a maioria da classe política se comunica com este jovem através do marketing tradicional e de programas inúteis, nas ações políticas uns contentam os anseios repressores das elites e outros manipulam com sobras as massas, ainda duvidam de redes sociais como instrumentos de inclusão e resistem às mudanças nas relações humanas de trabalho.

Se a classe política não se reinventar será deletada, sob pena de nossos redemocratizadores sumirem do mapa político, dividindo o futuro entre: bons moços, revolucionários, fanáticos e déspotas.



quarta-feira, 5 de junho de 2013

Marketing Ambiental


Esta é a semana do meio ambiente, assunto amplamente discutido nos últimos anos, temas como efeito estufa, proteção ambiental, coleta de resíduos, poluição da água, energias alternativas fazem parte de nosso dia a dia.

Virou bonito falar de meio ambiente, antes um conceito de esquerda como diziam os conservadores desenvolvimentistas, hoje uma questão de ser mocinho ou vilão. A defesa de uma sociedade ambientalmente sustentável é necessária e vital.

O drama de nossa era é ter que agregar valor econômico a tudo, sem ganhar alguma coisa em troca, governos e grandes empresas não realizam nada, este algo seriam vantagens políticas, de valorização da imagem e principalmente compensações financeiras.

No futuro ficaremos assustados quando dissermos aos nossos netos que devastamos uma floresta mas compensamos com reflorestamento em outro lugar, ou que as grandes empresas poluidoras emitem certificados de valor econômico para financiar projetos ambientais em detrimento da emissão dos seus gases à atmosfera, ou seja, mato aqui e cuido ali.

O marketing de empresas ambientalmente conscientes, e de ação objetiva em prol ao desenvolvimento sustentável é digno de aplausos, e tem que ser feito para projetar as marcas e servir de exemplo.
Tomem cuidado as grandes empresas que não realizam nenhum projeto de consciência ou gestão ambiental, não bastará colocar uma plantinha na sua marca que o consumidor formará uma opinião positiva sobre ela, a mídia e as redes sociais divulgam os seus deslizes cotidianamente, trabalho escravo, calotes tributários, poluição de rios, tais atitudes destroem qualquer marketing bem feito.

A ação ambiental sob forma de projetos é que dará esta credibilidade, e daí entra o marketing como divulgação, e não como um simples ilusionista de boa imagem.


Como imagem, uma atitude ambiental positiva e divulgada, valoriza a empresa, agrega valores extra consumo, compra-se uma ideologia, um modo de ser e agir do bem, e é para este lugar que caminha o futuro.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

A grande São Paulo, província ou metrópole?

Os municípios da Grande São Paulo ainda não perceberam sua força.

A luta é contra o provincianismo, a capital por uma questão de mídia que irradia, centraliza o poder, a informação e o monopólio das atenções eleitorais e políticas da região.

A Grande São Paulo inteira, excluindo a Capital, já é maior que esta, os grande municípios metropolitanos  já se aproximam da população de 1 milhão de habitantes, são a balança das eleições de Governador e influenciam diretamente a disputa presidencial.

A Câmara Federal e a Assembléia Legislativa, ainda sofrem uma escassez de representantes destas metrópoles, a Capital e o próprio interior, possuem proporcionalmente, muito mais representantes.

Não existem discussões destes “clusters” da Grande São Paulo, seja ele na região Oeste, no ABC ou no Alto Tietê, o ideal seria o fortalecimento da figura dos Consórcios regionais e das prefeituras metropolitanas, que deveriam funcionar com metas e programas únicos e integrados de médio e longo prazo.

 A Grande São Paulo precisa eleger em maiores quantidades seus representantes às casas legislativas, para isso acontecer os Partidos políticos tem que estar nas mãos de colegiados, grupos diversos da política local, como já acontece na Capital, em vez de capitanias hereditárias de posse de caciquinhos regionais, que não produzem nenhuma estratégia a não ser de natureza eleitoral própria.

Chegando aos parlamentos, estes representantes deveriam se ater a discutir regionalmente questões estratégicas como: tributação específica, política industrial, estratégia de criação de novas mídias locais, infraestrutura de longo prazo, e não apenas  ações de um super vereador.

As cidades da região metropolitana de São Paulo devem passar da idade juvenil, de grandes polos metropolitanos de extensão da Capital, para realmente o que são: verdadeiros centros cosmopolitas.


quarta-feira, 22 de maio de 2013

A política está sem foco.


Eleições presidenciais e Copa do Mundo se aproximam, as questões de infraestrutura começam a gritar aos ouvidos do cidadão, percebemos que não temos aeroportos, portos, estradas e sistema de transporte público condizentes a um país civilizado.

Na administração pública sabemos que isso significa falta de investimentos, de planejamento e uma dose alta de corrupção e burocracia que inviabiliza esta modernização.

No marketing governamental o que nota-se no Brasil é a falta de foco dos governantes, não temos especialistas à frente de administrações e mandatos parlamentares, com raras exceções.

Quem é o Prefeito da saúde, o Governador da educação, o Deputado do saneamento? Não visualizamos de imediato, precisamos ser convencidos por um marketing de comunicação sobre isso.

Me pergunto como os pleiteantes à 2014, Aécio Neves e Eduardo Campos querem vencer a mãe do Bolsa família (Dilma) e a santa da nova política do bem( Marina) simplesmente com números, promessas de futuro e discursos econômicos? São Governadores ora pois!  Teriam que ser os pais da educação, da saúde ou do desenvolvimento, exemplo de gestão e de soluções, dito isso pela boca popular, ecoando por todo o país.

Serve o mesmo para parlamentares que almejam executivos, e Prefeitos que buscam a reeleição. Conclamo: tenham um mote real, não uma simples obra de ficção de marketing, defina qual é sua marca, explore os setores que estão concentradas as suas realizações de homem público. Sob pena de não serem vistos como nada pelo eleitor, sofrendo a pior das observações: Mas o que ele fez por nós?

Você quer saber como se mensura isso numa pesquisa, com afirmações do eleitor do tipo: A saúde melhorou muito sou atendido com rapidez; Isso aqui era uma violência, acabou os assaltos, vivemos em paz; Escola pública aqui é igual que a particular; Temos esgoto tratado, não tem mais barracos, vivemos num outro lugar.

Marketing tem que ser a demonstração de resultados aprovados da administração pública, não a sua criação fictícia, que se transformam em meros castelos de areia construídos na beira do mar.