quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Eleições para Governador, não esqueça.

Enquanto discutimos todos os movimentos da sucessão presidencial deixamos em um segundo plano as eleições para Governador, que também ocorrerão no ano que vem.

A complexidade de palanques casados com a eleição federal provocará choques e recuos que abalarão as políticas regionais.

Acostumamos com eleições polarizadas entre PT e PSDB, mais precisamente em disputas  entre Lula x Serra ou Alckmin. A eleição que se aproxima é um resgate em parte do que ocorreu em 2002 entre Lula, Serra, Ciro e Garotinho.

Nesta. o candidato a presidência do PSDB é de Minas Gerais, pela primeira vez em anos, São Paulo não encabeçará o majoritário federal, Alckmin terá disputa múltipla no Governo paulista  (Padilha - PT, Skaf - PMDB, Kassab - PSD, Major Olímpio-PDT, etc.)  e não polarizada como foram as últimas três eleições, em todos os casos a disputa será possivelmente em dois turnos.

No Nordeste a complexidade é ainda maior, alianças PSB - PMDB serão desfeitas, Estados como Paraíba por exemplo, Dilma terá que buscar palanque e criar candidatos, já que a polarização local é entre PSB x PSDB. A candidatura de Eduardo Campos a presidência cria um reordenamento nas alianças e disputas do majoritário do Estados nordestinos.

 No Rio de Janeiro, Sérgio Cabral está mal avaliado, achava que passaria naturalmente a  cadeira  para seu vice Pezão – PMDB, ao contrário sofre com os ataques diários ao Governo. O ex-governador Garotinho - PR e o Ministro Crivela - PRB  despontam à frente nas pesquisas e são base de Dilma no Congresso, enquanto isso o PT quer Lindembergh candidato, no papel do jovem administrador, ou seja, todos orbitam no raio de ação de Dilma, uma conciliação quase que impossível.

A complexidade destas eleições a Governador será de dimensões incalculáveis em seu resultado final, um verdadeiro embaralhamento da política nacional, devemos estar atentos a estes pleitos, pois os principais índices de insatisfação popular estão ligados diretamente a competência  dos executivos estaduais ( Segurança pública, educação fundamental, Saúde, mobilidade de transporte metropolitano, dentre os principais).

A opção do eleitor nas eleições estaduais não será por políticas econômicas de inclusão social e de aumento de crédito, terão que atingir a necessidade do usuário de serviços públicos, justificando e convencendo o eleitor dos feitos ou mostrando de maneira objetiva o que deverá ser realizado.

O diferencial será a percepção de imagem que este candidato passará a seu eleitor : Cidadão normal, personagem  ou político tradicional ? Homem que faz ou que diz que faz, ou pior, promete que fará? O eleitor, em sua maioria, optará pelas primeiras opções.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Cortina de Fumaça



Colocamos sempre a culpa da classe política sobre a obsessão que a maioria dos mandatários tem pelo processo eleitoral, com isso abandonam o mais importante que é a gestão.

A antecipação eleitoral é necessária sob o ponto de vista estratégico, mas tem que vir acompanhada da responsabilidade pública, já que o representante é eleito para exercer seu mandato e não para vencer eleições como fosse uma partida de futebol.

Acontece que vivemos um período em que a antecipação das eleições de outubro de 2014, está sendo estimulada principalmente pela Imprensa especializada em política.

O casamento político entre Marina e Eduardo Campos é um caso destes, me pergunto qual é o nível de tecnicidade de uma pesquisa realizada dias depois do anúncio da fusão? Sabemos que existe um impacto inicial num evento deste, com grande carga emocional, que produz uma bolha de ilusão, a medição da tendência real do que aconteceu será constatada somente daqui  quarenta ou sessenta dias.

O eleitor que antes era moldado a partir das vésperas do período eleitoral, pelos factoides de pesquisas mal feitas, agora é manipulado um ano antes dela por uma ardilosa teia de interesses.

Neste momento, pesquisas legítimas são as de aprovação do governo e das tendências quantitativas ao majoritário nacional, a medição real dos efeitos da aliança Marina - Campos, começará a ser verdadeira por volta do início de 2014.

O pior de tudo é o cálculo da migração dos votos de Marina, feito por alguns, decorrentes de sua ausência da disputa presidencial: “x” para Dilma, “y”  para Campos ou “z” para Aécio. As análises partem de uma lógica simplista cartesiana, estabelecendo porcentagens aleatórias de transferência de votos, aonde interesses são facilmente manipulados por todas as partes.

A migração destes votos será muito mais definida pela tendência de eleitores por faixa etária e nível sócio econômico que Marina anteriormente possuía, do que um cálculo frio e automático (como se pelo fato da Seleção Brasileira vencer a Albânia por 4 a 0, e a Espanha perder da mesma Albânia por 2 a 0, ganharemos da Espanha de 6 a 0).

A tendência é que os eleitores de camadas mais populares com idade acima de quarenta e cinco anos no interior do Brasil e nas regiões periféricas das capitais migrem em sua maioria à candidatura de Dilma, enquanto que eleitores mais jovens de classe média localizados nos grandes centros econômicos migrem principalmente para Campos e de maneira localizada para Aécio.


Mas isso são suposições, que serão usadas cada vez mais como marketing de demonstração de força, já que nos dias de hoje não basta ser melhor, criativo e utilizar-se das ferramentas modernas de marketing, tem que se demonstrar poder e viabilidade. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

A manobra de Marina.

A estratégia venceu no caso Marina, seu recuo tem aspectos de cristianismo templário, reflexão pastoral e movimentos das guerras descritas nas epopeias hindus, táticas distantes do maquiavelismo ocidental clássico, e quase que inaplicáveis nos tempos atuais.

Percebendo que os obstáculos para viabilizar seu Partido eram invencíveis, recuou, e surpreendeu de uma só vez o Planalto e a oposição, filiou-se ao PSB, o partido do presidenciável Governador Eduardo Campos.
Imaginem se em 2006 acreditaríamos que o principal antídoto contra o Partido dos Trabalhadores no poder central viria de Eduardo Campos (Governador aliadíssimo) e Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente de Lula.

A roda do tempo girou, Eduardo se distancia cada vez mais, e parece que definitivamente rompeu com o PT no ato de filiação de Marina que aconteceu neste fatídico dia 05 de outubro.

O movimento de Marina dizem uns que foi emocional, para machucar o PT, membros da REDE estão descontentes com a atitude da Ministra, ela negou o convite de filiação ao PPS (oposição), teria legenda garantida e desembarque total de seus aliados, ninguém entendeu ou sabe direito o que a motivou.

O que podemos analisar hoje é que Eduardo Campos ganhou energia suficiente para começar a discutir como oposição viável, Marina lhe dará leveza, uma certa inserção no sudeste politizado, credibilidade de força eleitoral no meio político.

Quanto a Marina, não sabemos o que será de seu futuro político, uns acham que ela jogou fora a sua oportunidade de ouro em disputar a presidência, outros, com visão mais messiânica, acreditam que ela fez um sacrifício em nome da vitória da oposição real.

Procuro não me antecipar, pois além da possibilidade de ser vice de Eduardo, dependendo da viabilidade deste, Marina ainda não é descartável para 2014 como candidata majoritária a presidência, poderia até preencher espaços nos executivos estaduais dos principais Estados do país como uma puxadora de votos para a candidatura maior de Campos.

O futuro está lançado, mas não acredito que Lula e a articulação política da presidente Dilma tenham gostado do movimento surpreendente feito por Marina, com ele, o PSB rompe em definitivo com a candidatura Dilma, despolariza a disputa que até então só interessava ao PT e isola o PSDB num discurso negativo.

Quanto ao projeto das oposições clássicas de disputa do poder, ele precisa ser modificado e repaginado urgentemente, clamor de todos à no mínimo três eleições, as táticas udenistas que são utilizadas se demonstram cada vez mais ultrapassadas (moralismo e tecnocracia), não convencem mais o eleitor comum, que queiram ou não, está mais satisfeito com o país.

Lá por 2025 quando falarmos desta eleição se dirá: “Na verdade aquela eleição foi definida por Marina, um ano antes, quando se aliou a Eduardo”, e só o futuro nos dirá pra quem isso foi bom.