terça-feira, 28 de novembro de 2017

Eleições Presidenciais 2018, de volta para o futuro ou para sempre no passado.

 Por Renato Dorgan Filho
Engana-se quem está montando estratégias eleitorais para a eleição presidencial de 2018, baseando-se na velha polarização vermelhos x azuis, com uma terceira via alternativa que absorve descontentes, este quadro se repetiu em todas eleições desde 1994 e dificilmente se repetirá.
A fragmentação política aumenta cada vez mais, ela não se reduz mais a partidos, além deles, temos vários grupos políticos que se organizam fora de partidos, e na maioria dos grandes Partidos temos divisões de posicionamento interno, e mais, políticos avulsos já se hospedam em Partidos simplesmente por que a lei assim o exige para se exercer mandatos.
Essa nova realidade é apenas o reflexo da segmentação da sociedade moderna, uma identidade voltada a realidades individuais que procura afinidades e não hegemonia de pensamento, e isso faz parte deste atual modelo que vivemos de sociedade virtual e altamente tecnológica.
Esta segmentação será simbolizada nos candidatos a Presidente em 2018, a eleição é de dois turnos, e o segundo turno serve exatamente para se definir quais daqueles escolhidos pelas duas maiores maiorias não absolutas se identificam mais com a vontade das pessoas.
Tivemos apenas uma eleição presidencial com essa característica, a de 1989, a primeira da nova república ou como alguns gostam de chamar da redemocratização, que segmentava em vários candidatos a realidade do final dos anos 80, falamos naquele momento de um país que votaria pra presidente pela primeira vez desde 1960, com um modelo econômico caótico, sem regras definidas e adequadas a um mundo que iniciava a globalização, um Mundo que vivia o a queda da União Soviética e o fim da guerra fria.
Participaram do pleito de 1989 uma plêiade de candidatos, a diversidade se demonstrou num primeiro turno acirrado e rico em discussão política.
O 2º turno se deu entre os extremos daquela eleição, o candidato dos jargões e do marketing apelativo (Collor) que caçaria todos corruptos e resolveria os problemas da nação de pronto, versus, Lula um político sindicalista, cercado de uma esquerda de tendência trotskista que fazia uma oposição a tudo eu não fosse um governo socialista centralizado e hegemônico.
Porém, Lula venceu Brizola (3º lugar) no 1º turno por apenas um por cento dos votos, seguidos de vários candidatos que tiveram pequena diferença de votos.
No primeiro turno, além de Lula e Collor, tínhamos Brizola que simbolizava o velho populismo trabalhista de Vargas e Goulart, Ulisses Guimarães o candidato do mal avaliado governo Sarney, Aureliano como o candidato da Aliança Liberal segmento de direita que vinha do antigo PDS-ARENA com discurso vazio de austeridade, Paulo Maluf que era o candidato que simbolizava o outro segmento do PDS-ARENA (base política do regime militar) que vinha com discurso desenvolvimentista pautado em obras, Caiado em defesa do agronegócio, simbolizado na época pela temida UDR, Gabeira pelos ambientalistas, Roberto Freire pelos comunistas pró-Gorbachev (Glasnost), Afif que tinha um discurso voltado à microempresa e ao livre comércio, Covas que simbolizava a social democracia europeia, pelo novo PSDB dissidente do velho MDB, além de uma série de candidatos menos expressivos, porem alguns folclóricos, como Marronzinho e Enéas Carneiro, ou seja, 1989, foi uma eleição segmentada.
Em 2018 viveremos a primeira eleição dessa nova fase da república, assim como foi 1989.
Embora dentro de setores ligados a dinâmica da disputa política, sobreviva ainda, uma tentativa insistente, de se construir um ambiente eleitoral hegemônico, de polarização entre azuis x vermelhos (PTXPSDB) X uma terceira via alternativa, fraca e opcional, a tendência é que exista uma fragmentação de várias candidaturas no 1º turno de 2018.
O que percebemos em estudos, é que em geral, a população, possui múltiplos desejos de mudança, que se definem em várias preferências segmentadas, quando fazemos pesquisas qualitativas pelo país, e dividimos grupos, sejam eles por idade, renda, classe social, região, nível educacional, gênero ou religião, é que existe uma pluralidade de desejos que se cruzam ou não.
São várias as preferências de ação, temos aqueles que querem ter acesso a consumo, os que não aguentam mais a corrupção, os que querem ver o país se desenvolvendo, liberais extremos que querem a saída do Estado das relações econômicas e de serviços, os que acreditam num Estado forte e empregador, os que querem ver os serviços essenciais funcionando, os que estão inseguros em envelhecer e ter filhos no Brasil, os que querem ser respeitados por suas escolhas pessoais, os que querem ver valores religiosos preservados, jovens que querem ter acesso a educação de ponta e condições de emprego, tem os que querem só emprego e direitos salvaguardados, outros querem empreender sem uma carga de impostos pesada e uma legislação trabalhista que o desestimule a gerar emprego, tem os que sonham viver num Brasil com respeito ao meio ambiente e a qualidade de vida.
Quem tentar agradar a todos, como foi feito nas últimas três eleições, não será levado a sério nesta eleição presidencial.
Engana-se novamente quem achar que esta é uma eleição de exclusões, que ganhará o mais neutro e que o eleitor votará contra excessos, teremos uma eleição que a expectativa será gigantesca, o país se afundou num mar de corrupção publica, uma geração quase inteira de políticos está indiciada, condenada e em alguns casos presa, a caixa de pandora de quem vai para a vala comum está aberta ainda, e candidaturas vazias de discurso serão ignoradas num momento tão definitivo para o país.
Será inevitável nesta eleição ter uma pluralidade de personalidades na disputa, teremos populistas, radicais de esquerda e direita, liberais econômicos, estatistas, defensores de minorias, midiáticos, messiânicos, super-heróis, mecenas do bem, ambientalistas, sonhadores, executivos de mercado, possivelmente teremos um primeiro turno diversificado.
Já temos certo, os nomes de Álvaro Dias - Podemos, Manuela D´Avilla – PC do B, Marina Silva - REDE, Ciro Gomes-PDT, Lula-PT, Geraldo Alckmin- PSDB, Almoedo – NOVO, Bolsonaro - Patriota, na disputa, fala-se ainda de Luciano Huck, João Doria, Henrique Meirelles, Joaquim Barbosa, e até Sérgio Moro, dentre estes a maioria disputará o 1º turno das eleições presidenciais, fato incomum na história das eleições brasileiras, pois a maioria dos nomes tem nível de conhecimento considerável perante a população.
Acredito que aquele que propor um modelo mais próximo de um desenvolvimento econômico compatível a um país da nossa grandeza (que facilite o empreendedorismo e gere empregos), aliado a serviços públicos de qualidade (segurança, saúde e educação principalmente), com um combate efetivo a corrupção (igualdade entre poderosos e comuns), permitindo o ingresso do Brasil numa nova era de valores éticos e morais, tendo como fim a felicidade e o bem estar de seu povo, encontrará grande aceitação popular.
Renato Dorgan Filho, 43, Sócio Proprietário da Travessia Estratégia e Marketing, especialista em Pesquisas Qualitativas, MBA Marketing Político, Advogado.

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